É VACINA, NÃO É CURA

Por Caio Gottlieb

Temos que celebrar, sim, a chegada das vacinas contra a Covid-19 e, sobretudo, incentivar a população a tomá-las para que a vida de todos recupere ao menos um pouco de sua antiga normalidade.

Porém, é necessário lembrarmos que a boa notícia não significa que o fim da pandemia está próximo, mas apenas que agora dispomos de meios eficazes para combatê-la, o que já é muita coisa.

Com a imunização em massa, haverá seguramente redução substancial de infecções, internamentos, óbitos e, consequentemente, menor pressão sobre os serviços de saúde, mas não será a derrota da doença.

Longe disso.

Além de se vacinar, a humanidade terá que seguir utilizando as armas que já vêm se mostrando eficientes na prevenção da enfermidade, como máscaras, higiene das mãos e distanciamento social, inclusive porque ainda não se conhece o prazo de validade dos anticorpos que forem adquiridos com os imunizantes.

Diante desse cenário de incertezas, embora temperado por animadoras doses de esperança, é consenso na ciência que o novo coronavírus permanecerá por aí causando dores, sofrimentos e perdas por um longo tempo.

Talvez até mesmo para sempre.

E A VACA INDO PARA O BREJO…

Não foi apenas o ministro Ricardo Lewandowski que abriu o ano dando mais uma de suas já costumeiras contribuições para sabotar a luta contra a corrupção no país quando mandou a Polícia Federal entregar aos advogados de Lula as mensagens roubadas da Lava Jato por hackers que invadiram os celulares dos integrantes da força-tarefa, que agora serão devidamente manipuladas na tentativa de decretar a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e anular a condenação que ele impôs ao ex-presidente no caso do triplex do Guarujá.

Também fez a alegria dos larápios do dinheiro público nestes dias abrasadores de janeiro o juiz federal de Brasília que invalidou as provas obtidas em uma das fases da operação deflagrada para investigar a venda de medidas provisórias pelos ex-ministros petistas Antonio Palocci e Guido Mantega com benefícios fiscais para a Odebrecht.

Por uma questão de justiça, é preciso registrar para conhecimento da posteridade que essa decisão foi resultado direto da atuação do ministro Gilmar Mendes (outro notório inimigo da Lava Jato) que conseguiu no Supremo tirar o processo do Paraná e remetê-lo para o Distrito Federal.

Adaptando aos dois eventos aquela famosa e infeliz declaração do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, podemos resumir a história dizendo que enquanto a grande mídia só tem olhos para a disputa eleitoreira em que se transformou o combate à pandemia, tem gente esperta aproveitando o momento de tranquilidade pra ir passando uma boiada de medidas judiciais que vão perpetuando a impunidade de políticos e empresários poderosos que privatizam o estado para enriquecer ilicitamente.

Não canso de repetir: o Brasil não é para amadores.

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