Opinião – NÃO SE ILUDAM, DIAS PIORES VIRÃO

Opinião*

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NÃO SE ILUDAM, DIAS PIORES VIRÃO.

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Boa parte da população de Foz do Iguaçu passou a manhã e a tarde deste dia 16/12 lidando com os estragos e contabilizando os prejuízos da última chuva.
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Eram favas contadas. “Protegido” pela severa estiagem que assolou a Região Sul do Brasil nos últimos meses, o prefeito Chico Brasileiro ignorou avisos de engenheiros e técnicos da área de hidrologia, inclusive de sua própria equipe, que teriam alertado ele para o risco de grandes alagamentos, em caso de fortes chuvas.
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“Surdo” para o clamor dos profissionais e apoiado pelo seu mais fiel secretário (o de Obras), o prefeito desandou a asfaltar tudo e o que mais pôde (tapa buracos e recape, com material de qualidade duvidosa, pelo visto agora) antes e durante a eleição. Crente na velha máxima populista de que “asfalto dá voto”, o alcaide teria pavimentado até rua que não existia. Todo mundo ficou feliz, até a primeira grande precipitação, quando presenciamos um festival de casas alagadas, empresas destruídas e “asfalto barato” sendo levado pela enxurrada como se fosse papel. Dezenas de ruas de Foz do Iguaçu se converteram em verdadeiros rios, lançando os moradores em mais uma onda de caos e destruição.
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A questão fundamental aqui é: Por que temos tantos alagamentos em Foz do Iguaçu?

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A resposta é simples: nossa cidade possui uma infraestrutura de drenagem urbana precária e subdimensionada. Atualmente, apenas 27% das ruas de Foz do Iguaçu possuem galerias para coleta de águas pluviais. Grande parte desta rede foi implantada com tubulações menores do que o necessário, as quais estão sucateadas porque a secretaria de Obras não estaria fazendo a limpeza planejada e continua em toda essa rede. Além disso, a própria secretaria de Obras não saberia onde a rede existente está localizada. Para resumir, temos o seguinte: rede de captação antiga, subdimensionada, entupida e desconhecida.
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Quando alertado para os riscos dessa situação, o prefeito teria resolvido ignorar. Um estudo existente no Plano Municipal de Saneamento Básico, no capítulo de drenagem, estima em R$ 239 milhões o volume de investimentos necessários para resolver os problemas de alagamentos em Foz do Iguaçu. Entretanto, desde o início do seu mandato, o prefeito Chico Brasileiro investiu cerca de apenas 30 milhões em obras de drenagem, boa parte delas, ainda não concluídas.
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Um dos casos mais graves identificados com as chuvas desta quarta-feira (16) está na Região do Parque Presidente, na Rua Antônio Salazar, próximo ao viaduto da BR 277 com a Avenida Costa e Silva. Essa rua sempre teve problema com alagamentos porque fica ao final de uma microbacia hidrográfica e ao lado de nascentes do rio M’Boicy.
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Pois bem, há muito tempo o prefeito sabe que aquela localidade precisa de um grande projeto de drenagem que implicará na implantação de galerias ao longo da via. Entretanto, mesmo sabendo disso, o prefeito e/ou seu secretário de Obras se omitiram em relação em fazer o que realmente precisava ser feito e, somente, efetuaram uma mera operação “tapa-buracos” na via, obra paliativa que a mais recente chuva levou. Qual foi o resultado? Grandes blocos de asfalto foram levados pela enxurrada são da citada rua (como mostrado nas fotos).
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O que presenciamos neste momento é o que parece ser um “grande estelionato eleitoral” de Chico Brasileiro, com a provável coparticipação de seu atual vice, Nilton Bobato, e Francisco Sampaio, que compôs a chapa majoritária na reeleição do ainda prefeito.
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Além do caso emblemático da rua Antonio Salazar, vários moradores da Vila Borges que NUNCA haviam tido problemas com alagamentos, tiveram suas residências invadidas pela água. Uma das casas, inclusive, foi visitada pelos ainda vereadores da base do prefeito quando a rua recebeu o “tapa-buracos” durante as eleições. Por uma incrível coincidência, a rua em questão, também não possui galerias pluviais…
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O cidadão iguaçuense, pagador de impostos, está diante de um governo que aparenta tomar decisões por puro cálculo eleitoral; ignora opiniões técnicas e acredita que pode brincar com a vida e o patrimônio das pessoas. Infelizmente, não temos como acreditar que haverá mudanças. Portanto, que estejamos todos preparados para o pior.
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*Por Bibiana Orsi, bacharel de Direito e Servidora Pública Federal (Publicado originalmente no perfil da autora no Facebook).

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