Política: EM NOVO DESGASTE, BOLSONARO EXCLUI MOURÃO DE REUNIÃO MINISTERIAL

Encontro chamado pelo presidente, que não constava na agenda, reuniu 22 dos 23 ministros no Palácio do Planalto; ‘Não fui chamado’, afirma vice-presidente.

Em mais um sinal de distanciamento com o presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão foi excluído nesta terça-feira, 9, de uma reunião no Palácio do Planalto. O encontro contou com a participação dos 22 dos 23 ministros – apenas Fábio Faria, das Comunicações, não participou por estar viajando.

“Não fui convidado, não fui chamado. Então, acredito que o presidente julgou que era desnecessária a minha presença”, disse o vice, que faz parte do Conselho de Governo, formado pelos ministros e presidentes de bancos públicos.

O encontro chamado por Bolsonaro no Planalto, no entanto, não constava na agenda do presidente inicialmente e não foi classificado como sendo do conselho, embora reunisse a maior parte dos seus integrantes.

Jair Bolsonaro durante reunião ministerial
O presidente Jair Bolsonaro durante reunião com ministros nesta terça-feira, dia 9 (foto: Marcos Corrêa)

Questionado se ficou incomodado por ter ficado de fora, Mourão negou. Ele afirmou que sua agenda está focada nos preparativos para uma reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal, colegiado presidido pelo vice, que acontece amanhã.

Em 2021, Mourão não participou de nenhuma reunião do presidente com os demais ministros. O último encontro do Conselho de Governo ocorreu em 19 de novembro do ano passado. Bolsonaro tem optado por receber apenas ministros de algumas áreas para discutir assuntos específicos, como a que tratou da negociação com a China para a aquisição de insumos para vacinas, em 20 de janeiro.

Nesta segunda-feira, 8, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band, Bolsonaro desconversou quando foi questionado sobre seu relacionamento com Mourão. O chefe do Executivo pediu para falar de outros assuntos. Indagado uma segunda vez sobre a relação com o vice, Bolsonaro se limitou a dizer que “está tudo bem”.

No fim de janeiro, contudo, Mourão chegou a se queixar da falta de diálogo com Bolsonaro. “Não há conversas seguidas entre nós. As conversas são bem esporádicas”, disse em entrevista à CNN Brasil, em 26 de janeiro. Segundo ele, a ausência de conversa “faz falta”, inclusive para ele “entender em determinados momentos o que eu precisa fazer”.

Na mesma semana, o site O Antagonista revelou troca de mensagens enviadas por um assessor do vice ao chefe de gabinete de um deputado federal em que citava possíveis articulações no Congresso para um impeachment de Bolsonaro. Mourão demitiu o auxiliar e disse que a conversa “imprudente” criou “um ruído totalmente desnecessário”. Ele também negou ter conversado com Bolsonaro sobre o assunto por ser uma “questão interna”.

Nos bastidores, o presidente já indicou que não pretende ter Mourão como vice numa eventual candidatura à reeleição em 2022. Bolsonaro tem ficado incomodado com declarações públicas do vice, muitas vezes contrariando o que ele mesmo disse.

Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) afirmou que a reunião era “com ministros e não de conselho” e que, por isso, Mourão não foi convidado.

Participantes da reunião de ministros (9 fevereiro de 2021)

–  André Mendonça (Justiça)

–  Braga Netto (Casa Civil)

– Fernando Azevedo (Defesa)

– Ernesto Araújo (Relações Exteriores)

– Paulo Guedes (Economia)

– Tarcísio de Freitas (Infraestrutura)

– Tereza Cristina (Agricultura)

– Milton Ribeiro (Educação)

– Onyx Lorenzoni (Cidadania)

– Eduardo Pazuello (Saúde)

– Bento Albuquerque (Minas e Energia)

– Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia)

– Ricardo Salles (Meio Ambiente)

– Gilson Machado (Turismo)

– Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional)

– Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União)

– Damares Alves (Mulher, da Família e dos Direitos Humanos)

– Pedro César Sousa ( Secretaria-Geral da Presidência)

– Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo da Presidência)

– Augusto Heleno (GSI)

– José Levi (Advogado-Geral da União)

– Roberto Campos Neto (presidente do Banco Central)

(Com Agência Estado)

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