Militares fecham Parlamento à oposição na Venezuela

A Assembleia Constituinte da Venezuela iniciou nesta terça-feira (08/08) uma sessão plenária, a segunda desde que tomou posse, no espaço do Palácio Legislativo que normalmente é ocupado pela Assembleia Nacional (Parlamento), com o objetivo de definir seu funcionamento como poder plenipotenciário.

Horas antes, a Guarda Nacional Bolivariana, responsável pela segurança do Palácio Legislativo, impediu a entrada dos deputados opositores no prédio, que abriga tanto a Assembleia Nacional como a contestada Assembleia Constituinte, promovida pelo presidente Nicolás Maduro.

Os parlamentares opositores, que pretendiam realizar uma sessão nesta terça-feira sobre a crise venezuelana, afirmaram que militares e “coletivos” ligados ao governo impediram sua passagem e os obrigaram a deixar o local. “Não nos deixaram entrar no Palácio Legislativo. Esse governo invade os espaços, já que não é capaz de ganhá-los legitimamente”, afirmou o deputado Stalin González, um dos líderes da oposição, que detém dois terços dos assentos na Assembleia Nacional.

A situação se deu horas depois de a presidente da Assembleia Constituinte, Delcy Rodríguez, ter ingressado com um grupo de soldados no salão protocolar do Palácio, um espaço antes utilizada pela Assembleia Nacional. “Eles chegaram à noite, na escuridão, e tomaram o Palácio”, disse o deputado oposicionista Jorge Millán.

O líder chavista Diosdado Cabello havia advertido que a Assembleia Constituinte teria a tutela do Palácio Legislativo e que era necessária sua autorização para qualquer atividade.

A situação indica que o Parlamento pode ser o próximo alvo da Assembleia Constituinte, que no sábado passado destituiu a procuradora-geral Luisa Ortega Díaz do cargo e que tem poderes supremos. Até agora, ambas as Assembleias tinham convivido no mesmo prédio, com os governistas instalados na ala norte e os opositores, na ala sul do edifício.

“Nós nos apresentamos, mas o acesso foi impossível pelas condições ao redor da entrada do Palácio Legislativo”, reiterou Millán. “Isso demonstra que estamos presenciando um golpe de Estado.”

Segundo Millán, a Assembleia Nacional pretende realizar uma sessão nesta quarta-feira, e os deputados vão insistir para ingressar no Palácio Legislativo. “Fomos eleitos por 14 milhões de eleitores nas eleições de dezembro de 2015. Amanhã haverá sessão, não vamos deixar que essa Constituinte fraudulenta siga com suas intenções de tomar de assalto o poder e de consolidar a ditadura de Nicolás Maduro”, afirmou.

 

Com DW

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