Mundo: VIAGEM DO PAPA FRANCISCO AO IRAQUE FEZ HISTÓRIA NO DIÁLOGO ENTRE RELIGIÕES

Pontífice se encontrou com liderança xiita islâmica e pregou contra a violência, a desigualdade e a intolerância entre os povos. No aniversário de 8 anos do seu pontificado, o Papa Francisco presenteou o mundo com a viagem ao Iraque.

Em uma época em que a pandemia mata, maltrata e isola, o pontífice lembrou a humanidade de que ao lado do caos na saúde, é preciso olhar também para as demais mazelas que abandonamos pelo caminho.

Papa Francisco; aiatolá Ali al-Sistani

O grande aiatolá, Ali al-Sistani  se reúne com o Papa Francisco

Para cada dia no iraque, uma denúncia de Francisco, contra a violência, a intolerância, a desigualdade e a imigração forçada. Não foi por acaso que o Papa encontrou o refugiado sírio Abdullah Al Kurdi e expôs de novo a ferida. Ele é pai de Aylan Kurdi, garoto cujo corpo foi encontrado na praia, em 2015, em uma imagem que chocou o mundo. O menino morreu afogado com a mãe e o irmão, que também ainda era uma criança. Abdullah foi o único sobrevivente da família que se arriscou no mar pra fugir da guerra na Síria.

Papa Francisco

Papa Francisco encontra Abdullah Al Kurdi, pai do jovem Aylan Kurdi, durante viagem ao Iraque. Foto: Vaticano/Divulgação

Também não foi por acaso que o Papa Francisco rezou missa em Erbil, a capital do curdistão. Trata-se do único lugar que o povo curdo, etnia de cerca de 30 milhões de pessoas que vivem espalhadas no oriente médio, pode chamar de seu.

O mundo deve, em parte, aos curdos a luta contra o Estado Islâmico. Os curdos colocaram o seu exército, os peshmerga, na linha de frente, pra combater o grupo terrorista. Foi este povo também que impediu a invasão das suas fronteiras e conseguiram evitar o domínio dos terroristas na região.

Eles lutaram também em Qaraqosh, cidade que fez festa pra receber o Papa. É a maior comunidade cristã no Iraque, onde muitos se refugiaram pra sobreviver ao terror imposto pelo Estado Islâmico. Sob ameaça, a opção era fugir, se converter ao islã pregado pelos extremistas, ou morrer. Em Mossul, o papa fez um minuto de silêncio, em meio às ruínas da guerra, numa imagem que dispensa explicação.

Papa Francisco no Iraque

Papa Francisco presta homenagem a Nossa Senhora de Karemlesh, imagem que foi vandalizada pelo Estado Islâmico. Foto: Vaticano/Divulgação

A cidade destruída foi o que sobrou dos confrontos contra o Estado Islâmico e era onde os terroristas planejavam fundar parte do seu califado. O grupo ocupou Mossul de 2014 a 2017, quando foi derrotado.

A viagem de Francisco ao Iraque marca a história das religiões com uma série de fatos inéditos. Ver o Papa em Najaf, cidade santa para os muçulmanos xiitas, foi sem dúvida um dos pontos mais altos. Em importância no Islã, fica atrás apenas de Meca e de Medina, ambas localizadas na Arábia Saudita. A visita por si já tem o seu valor e ganha dimensão ainda maior com o encontro do pontífice e do aiatolá Ali Al-Sistani.

A mais alta autoridade xiita iraquiana, que tem voz política decisiva, destacou o papel das lideranças religiosas no combate à violência e pediu às grandes potências para que deixem de lado a “linguagem da guerra”. O Papa falou da colaboração e da amizade entre as comunidades religiosas para o bem do Iraque e de todo o Oriente Médio.

(Da redação com CNN)

 

 

 

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