Em documento, ministério alerta sobre risco na campanha de imunização e escassez de doses via oferta internacional. Brasil registra 1.954 mortes pela covid-19 em 24 horas, bate novo recorde e ultrapassa EUA.
O governo brasileiro pediu a interferência à embaixada da China, em Brasília, para obter 30 milhões de doses da vacina BBIBP-Corv, produzida pela Sinopharm, ainda no primeiro semestre deste ano. O ofício foi enviado nesta segunda-feira (8) pelo secretário-executivo do ministério da Saúde, Elcio Franco, ao embaixador da China, Yang Wanming. A China tem duas vacinas sendo aplicadas contra a Covid-19, produzidas pela Sinovac, que tem parceira com o Instituto Butantan, do governo de São Paulo, e pela Sinopharm.
No documento, o ministério da Saúde afirma que “a campanha nacional de imunização corre o risco de ser interrompida por falta de doses, dada a escassez de oferta internacional”. O ministério afirma que vem buscando estabelecer contato com a novos fornecedores, em especial a Sinopharm.“Nesse contexto, muito agradeceria os bons ofícios de Vossa Excelência para averiguar a possibilidade da Sinopharm fornecer 30 milhões de doses da vacina BBIBP-Corv, em cronograma e preço a serem acordados, se possível, ainda no primeiro semestre de 2021”.
O governo do presidente Jair Bolsonaro já teve vários embates com a China e com seu embaixador no Brasil. No ano passado, chegou a dizer que não compraria a vacina chinesa. Mas diante do agravamento da pandemia no país, mudou de posição.
Até o final de fevereiro, mais de 43 milhões de doses da vacina da Sinopharm haviam sido aplicadas em vários países, entre eles Hungria e Peru. Dessas, 34 milhões de doses foram administradas apenas na China. De acordo com a empresa, o imunizante tem uma taxa de eficácia de 79,4%. A vacina ainda não tem pedido de registro na Anvisa.
BRASIL REGISTRA 1.954 MORTES PELA COVID-19 EM 24 HORAS, BATE NOVO RECORDE E ULTRAPASSA EUA
O Brasil bateu nesta terça-feira, 9, recorde no número de mortes pela covid-19. Foram 1.954 pessoas que perderam a vida nas últimas 24 horas, de acordo com dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. Até então o maior número era do último dia 3, quando houve 1.840 óbitos por causa do coronavírus. A marca é hoje o maior registro diário do mundo, ultrapassando os números dos Estados Unidos.
A alta acontece na semana em que grande parte dos Estados começou a colocar em prática medidas mais restritivas para controlar a proliferação da doença. Os números desta terça-feira, no entanto, podem incluir óbitos e casos que não foram contabilizados durante o final de semana. Isso acontece porque nem todas as secretarias de saúde repassam os dados para o governo estadual no sábado e no domingo
O recorde foi impulsionado pelo aumento da contaminação no Sul e Sudeste. São Paulo registrou 517 mortes pela covid-19 nesta terça, número mais alto desde o começo da pandemia. Nessas regiões, o Rio Grande do Sul foi o segundo Estado com mais óbitos, com 275, seguido por Paraná (206), Santa Catarina (108) e Rio de Janeiro (95). Ceará e Bahia também tiveram números expressivos, com 108 e 103 óbitos respectivamente.
A média móvel de mortes ficou em 1.575, dado que representa a média dos últimos sete dias. Foram também 69.537 novos casos confirmados nas últimas 24 horas. No total, o País teve 268.568 mortes acumuladas pela doença, com 11.125.017 casos. Os dados do consórcio, composto por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL, são coletados junto às secretarias estaduais de saúde.
Os dados também apontam o País perto de um colapso no sistema de saúde. No total, 25 das 27 capitais do País apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI para covid-19 iguais ou superiores a 80%. A situação é mais grave em 16 capitais, entre elas Brasília e Rio de Janeiro, onde os percentuais ultrapassam os 90%.