Polícia afirma que 24 dos mortos no tiroteio na comunidade do Jacarezinho (RJ) eram suspeitos; 25ª vítima era policial.
Chefes da Polícia Civil do Rio negam que tenha havido execuções durante a operação realizada na manhã desta quinta-feira (6) na comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio, durante a qual morreram 25 pessoas – um policial civil e 24 supostos criminosos. “Se houve execução, foi do policial”, afirmou o delegado Rodrigo Oliveira, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil, durante entrevista coletiva concedida no final da tarde.
“Lamentavelmente, houve muito confronto dentro da comunidade. Não há de se comemorar esse resultado, tamanha quantidade de pessoas que vieram a falecer, da mesma forma que não existe a capacidade de qualquer pessoas nos confortar pela morte do nosso policial”, disse Oliveira.
Segundo a polícia, a operação foi realizada para localizar e prender 21 acusados de aliciar crianças e adolescentes para o tráfico de drogas, que nessa comunidade é chefiado pela facção criminosa Comando Vermelho. A investigação está sendo realizada há meses pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, que obteve as ordens judiciais de prisão na última sexta-feira (30). Dos 21 procurados, três foram mortos e três presos. Os outros 21 mortos, segundo a polícia, são criminosos que reagiram à ação policial. Outras três pessoas, que não eram alvos da operação, foram presas no decorrer dela.
Foram apreendidas 16 pistolas, 12 granadas, seis fuzis, uma submetralhadora e uma escopeta, além de drogas em quantidade ainda não contabilizada. Segundo o delegado, o policial que foi morto estava em um grupo de oito agentes que entrou em um beco onde havia uma estrutura de concreto com buraco para apoiar o cano de um fuzil. Um criminoso atirou dali, atingindo o policial na cabeça, logo no começo da operação, iniciada às 6h. Os confrontos se multiplicaram, levando ao mais alto número de vítimas registradas em operações policiais no Rio nos últimos anos.
A polícia afirmou que todos os protocolos exigidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na decisão que restringe ações policiais foram cumpridos na operação. Oliveira criticou o “ativismo” de quem “está contra o serviço da polícia”. “Nós estamos do lado da sociedade, policial não entra (na favela) para executar ninguém”. Segundo ele, os traficantes têm tanta ingerência sobre a rotina da favela que chegam a determinar até se um morador pode ou não namorar determinada pessoa.
Em nota, o governo do Estado lamentou as mortes, mas disse que a ação foi orientada por um longo e detalhado trabalho de inteligência e investigação, que demorou dez meses para ser concluído. Além disso, afirmou que todos os locais de confrontos e mortes foram periciados.
Já representantes de grupos em defesa dos Direitos Humanos criticaram a operação, cobraram maior apuração e declararam que não cabe à Polícia Civil investigar a si mesma durante coletiva de imprensa com defensores públicos.
INVASÕES A RESIDÊNCIAS DE MORADORES
Sobre denúncias de abuso de autoridade, a polícia negou ter invadido casa de moradores e atribuiu os casos a criminosos, afirmando que os agentes apenas atenderam a pedidos de socorro.
Em relação a um suspeito encontrado morto em uma cadeira, a polícia afirmou que as circunstâncias estão sob investigação.
FERIDOS EM ESTAÇÃO DO METRÔ
Além de três agentes, duas pessoas ficaram feridas em uma estação do metrô que fica próxima à comunidade, durante o tiroteio no Jacarezinho. O confronto suspendeu o serviço na Linha 2 do metrô e a circulação dos trens em dois ramais, Belford Roxo e Saracuruna, durante o dia. Por segurança, três postos de vacinação nos arredores fecharam as portas e adiaram para sexta (7) a aplicação de doses do imunizante contra covid-19 em grupos prioritários.
(Da Redação com R-7)