Esqueça a guerra de narrativas que insufla as redes sociais: a próxima sucessão presidencial não será definida nos debates ideológicos entre a direita, que está no poder, e a esquerda, que deseja tomá-lo de volta.
Assim como foi no passado e continuará sendo no futuro, o fator crucial que determinará o vencedor da disputa, em um pleito limpo e sem fraudes, vai ser a sensação do eleitor, ao final de quatro anos, de que a sua vida ficou melhor ou pior.
Simples assim.
Tendo cumprido pouco mais da metade de seu mandato, e apesar dos frequentes conflitos com o Parlamento e de uma pandemia no meio para tumultuar ainda mais o processo de negociação política, o presidente Jair Bolsonaro já entregou um robusto e até surpreendente pacote de realizações com potencial para destravar e acelerar o desenvolvimento do país rumo a uma era de prosperidade que talvez não encontre precedentes.
Dentre os feitos mais expressivos elencam-se a reforma da previdência, a PEC Emergencial (que deu mais flexibilidade às gestões de estados e municípios), a nova lei do gás, a nova lei das falências, o novo marco regulatório do saneamento (que já permitiu a bem-sucedida privatização da companhia de águas e esgotos do Rio), a emblemática privatização da Eletrobrás e a aprovação da autonomia do Banco Central, agora livre para proteger a moeda nacional sem sofrer a ingerência nefasta dos governantes de plantão.
Além disso, nos últimos dias, ganharam impulso e começaram também a tomar corpo as reformas administrativa e tributária, fundamentais para enxugar a máquina governamental, estimular investimentos e atrair capitais de fora, que vão se somar nos próximos meses a mais uma extensa fornada de concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, consolidando o setor de infraestrutura comandado pelo ministro Tarcísio de Freitas como uma das áreas mais eficientes da administração federal.
Para fechar a lista, olhando um pouco mais à frente, Bolsonaro terá mais dois grandes êxitos para capitalizar neste ano: o crescimento do PIB, que caminha para superar as mais otimistas previsões do mercado e atingir a marca de 5%, e o bom desempenho da dívida bruta do país, que os economistas há oito meses projetavam que seria da ordem de 100% do PIB, mas que deve fechar em 85%, possivelmente até menos.
E mais: quando Bolsonaro, no ano que vem, encerrar seu mandato, a despesa primária, sem juros, do governo federal, será menor do que a despesa que ele herdou do governo Michel Temer.
Trata-se de uma façanha histórica: desde a constituição de 88, todos os presidentes da República, sem exceção, no ciclo de quatro anos de governo, deixaram um gasto público maior do que o recebido de seus antecessores.
Enfim, o grande desafio da equipe de Bolsonaro será fazer com que todas essas notáveis conquistas se transformem em crescimento econômico, redução de desigualdades, avanços sociais e uma forte, consistente e ampla geração de renda e emprego.
Se conseguir, a reeleição tá no papo.