No entanto, sob as vistas grossas e o silêncio cúmplice da grande imprensa, que só tem olhos para a Covid, a maior boiada está passando mesmo é no Supremo Tribunal Federal que, depois de anular as condenações de Lula e determinar a paralisação de dezenas de processos e inquéritos envolvendo criminosos de colarinho branco, rechaçou dias atrás o acordo de delação premiada que o ex-governador fluminense Sergio Cabral havia firmado com a Polícia Federal, enterrando não apenas a acusação contra o ministro Dias Toffoli por venda de decisão judicial, mas também denúncias contra Lulinha, Eduardo Paes, Aécio Neves e o ministro do STJ Humberto Martins.
Ficou impossível disfarçar: o desmonte gradual e sistemático da Lava Jato pelo Poder Judiciário, especialmente no âmbito do STF, tornou a prisão de políticos um evento quase impossível, consolidando a impunidade dos ricos e poderosos como um indestrutível patrimônio cultural da nação.
Desde que foi deflagrada, há sete anos, a operação teve 42 políticos denunciados e 21 condenados, mas só um, que vem a ser justamente Cabral, segue na cadeia.
Provavelmente seja mais um recorde mundial do Brasil.
Na guerra entre a lei e a corrupção, não se sabe de outro país com maior número de vitórias da bandidagem.