Foi um acinte, um insulto, uma afronta, um desaforo, uma vergonha, um ultraje, um deboche, um escárnio, uma ignomínia, uma infâmia.
Merecem, enfim, o nosso mais veemente repúdio.
Espera-se agora que o presidente da República não apenas vete o aumento descabido como também articule a base governista no Congresso para manter sua decisão, sejam quais forem as consequências.
Concorda-se que diante do impedimento legal a doações de empresas para custear campanhas políticas existe um preço a ser pago com o dinheiro dos contribuintes, através do chamado “fundão”, para manter e fortalecer a democracia no Brasil com eleições que assegurem aos candidatos um mínimo de igualdade competitiva nas disputas, reduzindo a influência do poder econômico.
Mas isso não é pretexto para se avançar nos cofres públicos com tamanha voracidade. É preciso bom senso, parcimônia e razoabilidade para se definir um montante justo e adequado, compatível com a realidade de um país que luta para recuperar sua economia devastada pela pandemia, com milhões de desempregados, muita gente passando fome e carências históricas na saúde, na educação, no saneamento e na infraestrutura.
Quanto aos parlamentares que votaram a favor da canalhice (os nomes estão divulgados em portais jornalísticos na internet), não resta aos eleitores outra alternativa senão aplicar-lhes no próximo pleito um sonoro pontapé nos fundilhos.