Coluna Caio Gottlieb: A QUE PONTO CHEGARAM

Uma só palavra não basta para definir o execrável ato dos deputados e senadores que aprovaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias embutindo malandramente no documento a destinação de 5,7 bilhões de reais, um indecente reajuste de mais de 300% em relação ao valor de 2018, para financiar os partidos nas eleições do ano que vem.

Foi um acinte, um insulto, uma afronta, um desaforo, uma vergonha, um ultraje, um deboche, um escárnio, uma ignomínia, uma infâmia.

Merecem, enfim, o nosso mais veemente repúdio.

Espera-se agora que o presidente da República não apenas vete o aumento descabido como também articule a base governista no Congresso para manter sua decisão, sejam quais forem as consequências.

Concorda-se que diante do impedimento legal a doações de empresas para custear campanhas políticas existe um preço a ser pago com o dinheiro dos contribuintes, através do chamado “fundão”, para manter e fortalecer a democracia no Brasil com eleições que assegurem aos candidatos um mínimo de igualdade competitiva nas disputas, reduzindo a influência do poder econômico.

Mas isso não é pretexto para se avançar nos cofres públicos com tamanha voracidade. É preciso bom senso, parcimônia e razoabilidade para se definir um montante justo e adequado, compatível com a realidade de um país que luta para recuperar sua economia devastada pela pandemia, com milhões de desempregados, muita gente passando fome e carências históricas na saúde, na educação, no saneamento e na infraestrutura.

Quanto aos parlamentares que votaram a favor da canalhice (os nomes estão divulgados em portais jornalísticos na internet), não resta aos eleitores outra alternativa senão aplicar-lhes no próximo pleito um sonoro pontapé nos fundilhos.

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