Bom negócio: VEJA COMO O PSG E O FUTEBOL FRANCÊS IRÃO LUCRAR COM A CHEGADA DE MESSI

Investimento no jogador se alia a interesses do Qatar em ampliar mercados, valorizando o PSG e o futebol até a Copa de 2022

O PSG não deverá ter lucros diretos com a contratação de Messi, um jogador que é genial, mas que, com 34 anos, tende a ir se desvalorizando, em relação aos valores de mercados, a cada ano, segundo o economista Denis Rappaport, mestre em Administração pela Duke University (EUA).

A ideia do PSG é investir em Messi sem pensar em lucrar com ele em alguma futura negociação. O objetivo é investir nele para ter lucros em médio e longo prazos, ampliando mercados para um país, o Qatar. Tudo isso, por meio de ganhos comerciais com iniciativas ligadas indiretamente à contratação, como aumento das receitas com transmissão e venda de produtos licenciados.

O clube, então, se consolidará como a nova grande potência europeia no futebol, valorizando também o futebol francês, que deverá ter um forte aumento de receitas.

“Dificilmente o PSG ganhará dinheiro (diretamente) com todos esses jogadores como Messi, alguns deles já veteranos. A estratégia é de projetar o clube e também o Qatar. Eventualmente isso poderia levar à uma valorização que compensasse o investimento. Mas, em termos financeiros, é uma estratégia de alto risco”, avalia.

Alto risco é o que tem pautado essa política no clube. Alto risco, buscando alto retorno. Messi é o auge deste projeto do governo do Qatar para promover a Copa do Mundo no país em 2022 e, ao mesmo tempo, firmar o PSG como o clube mais valorizado da Europa.

O clube foi adquirido em 2011 pela Qatar Sports Investiments, fundo ligado ao governo do Qatar, que investiu pelo menos 2 bilhões de euros (R$ 12,3 bilhões) na agremiação. Com o PIB de 176 bilhões de dólares (R$ 917 bilhões), 60% vindos de exportações de petróleo, o país quer diversificar a economia e ampliar as relações comerciais com a Europa. Atualmente, elas ainda estão mais centralizadas na Ásia.

Neste cenário, a gestão do PSG busca lidar com os altos gastos no futebol trabalhando com as receitas ano a ano, de acordo com o Fair Play financeiro determinado pela UEFA. Para, em um contexto maior, inserir o governo do Qatar em contratos bilionários em vários países, inclusive para participar de obras de infraestrutura e de negócios ligados a petróleo, energia e sustentabilidade. Um olho no futebol, outro nas relações comerciais e diplomáticas.

Pelas regras de Fair Play da Uefa, ao contrário do determinado pela Liga Espanhola, cada clube tem de prestar contas sobre o seu equilíbrio financeiro, apontando que não gastou mais do que arrecadou, no fim de cada temporada. O PSG até registrou no ano passado um déficit de 126 milhões de euros (R$ 772,6 mihões), segundo a Sports Value, e, se fosse pela legislação espanhola, não poderia contratar Messi.

As receitas do PSG ficaram abaixo das expectativas no ano passado (foram de 541 milhões de euros em vez de 635 milhões de euros).

Mas, como a diretoria do PSG prevê rendimentos maiores com patrocínios, que fizeram as receitas nesta temporada subirem de cerca de 40 milhões de euros (R$ 245 milhões) para 299 milhões de euros (R$ 1,83 bilhão), há uma certeza de que elas crescerão ainda mais com a chegada de Messi.

A camisa 30 do Paris Sait-Germain já está à venda e certamente levará a um boom na venda do produto, aumentando receitas, assim como valores vindos do uso da imagem, transmissão e bilheteria, entre outros.

Com isso, haverá como justificar os gastos, de cerca de 40 milhões de euros (R$ 245 milhões) por ano, acrescidos de um bônus de assinatura de 30 milhões de euros (R$ 183,9 milhões), com a contratação de Messi.

Na Espanha, isso não poderia ocorrer porque a legislação já limita os gastos antes da temporada e, como o Barcelona não tinha como acrescentar receita em curto prazo, com venda de produtos, aumento de valores de transmissão ou até a venda de jogadores presos a contratos, não encontrou verba para manter Messi.

“As regras da França são diferentes da Espanha. Na Espanha o clube não pode gastar mais do que arrecadou no ano anterior. Na França, o limite se refere ao ano atual. Assim, o PSG terá um ano para buscar receitas que não o desenquadrem do Fair Play Financeiro. Como na Espanha o limite se refere à temporada anterior e, no ano passado, com a pandemia, as receitas caíram muito, realmente não havia como cumprir a regra mantendo o Messi”, resume Rappaport.

Segundo informou o Estado de S. Paulo, Pedro Daniel, executivo da EY, também foi por essa linha, ressaltando a necessidade de se considerar as receitas diretas e indiretas que o PSG terá após a chegada de Messi. O PSG e, claro, o governo do Qatar, conforme ressaltou ao jornal outro executivo, Pedro Trengouse, especialista em gestão esportiva da FGV.

“O PSG é hoje um dos clubes mais bem estruturados do mundo. É literalmente um clube-estado, que tem todos os recursos necessários para lidar com o time de craques que montou”.

O lema do Barcelona, “Més que un club” (Mais que um clube, em catalão) expressa a importância do clube em relação a valores como cidadania, direitos sociais e igualdade, fortalecidos com a resistência à ditadura de Francisco Franco (1936-1973).

Tal lema, em outro sentido, também vale para o PSG, como símbolo da abertura de mercados, diplomacia, visão de governança, interesses políticos. Lema este, ligado, ao mesmo tempo, a objetivos do governo do Qatar e à identidade de uma Paris moderna. O PSG também pode ser considerado “Més que un club”. Ou, em francês, “Plus qu’un club”.

(Da Redação com R7)

leave a reply