O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, general João Francisco Ferreira, percorreu, nesta quarta (1º) e quinta-feira (2), diversos municípios da área de influência do reservatório da usina, para conhecer de perto as ações sociais e ambientais voltadas ao desenvolvimento sustentável do território, a longevidade do reservatório e a geração de energia no longo prazo para o Brasil e o Paraguai.
Prestes a completar cinco meses como diretor-geral brasileiro da Itaipu (no próximo dia 9 de setembro), Ferreira afirma que, evidentemente, já sabia da importância dessas iniciativas e a relação delas com o negócio da empresa, por conta das informações que recebe e das decisões que precisam ser tomadas no dia a dia da gestão da margem brasileira da binacional.
Mas o contato direto com os públicos atendidos por essas ações, como agricultores familiares, catadores de materiais recicláveis, pescadores artesanais e indígenas, nesses dois dias de roteiro pelo território, possibilitou perceber algo que vai além das informações que ele recebe por meio de planilhas e relatórios. E esse contato só foi possível agora, após algumas tentativas de agenda adiadas por conta das limitações impostas pela pandemia de covid-19.
“Itaipu nasceu para gerar energia e cumpre muito bem essa missão. O cuidado ambiental também nasceu com a empresa e veio evoluindo. Com o tempo, a Itaipu aprimorou seus objetivos para a promoção do desenvolvimento sustentável. Mas um objetivo que a gente não costuma citar é que essas ações também produzem felicidade. E é isso que pude perceber: pessoas que estão felizes, pois veem resultados concretos na melhoria de suas vidas”, afirmou o diretor-geral, que visitou os municípios acompanhado pelo diretor de Coordenação, general Luiz Felipe Carbonell.
Para o general Ferreira, as ações socioambientais são um legado importantíssimo da Itaipu não só para a região, como para o País. E ele destacou o fato de como essas iniciativas, realizadas sempre em parceria, se interconectam e se relacionam ao negócio da Itaipu. “E isso tudo é multiplicado pelas ações de educação ambiental, transmitindo a importância dessas ações para as próximas gerações nas escolas, no Ecomuseu, no Refúgio [Biológico]. Esse é um legado que ainda vai causar impacto por muito tempo, até porque vamos continuar fazendo isso”, garantiu.
Tome-se o exemplo da readequação de estradas rurais, uma das ações da iniciativa Gestão por Bacias Hidrográficas. Desde 2003, Itaipu já readequou quase dois mil quilômetros na região. Uma readequação recente foi em um trecho de cerca de 3 km em Moreninha, localidade próxima ao município de Santa Helena. Antes, esse trecho contribuía com a erosão e a perda de solos. Quando chovia, a estrada levava água em excesso, que rompia as curvas de nível da lavoura e os sedimentos iam parar no rio e no reservatório da Itaipu.
Benefício direto
A readequação beneficia diretamente a propriedade de 12 hectares em que o agricultor Edgar Siegloch planta soja e milho desde 2002. “Antes, quando chovia, a água levava tudo embora”, comenta o produtor, lembrando que se beneficia de outras ações da Gestão por Bacias Hidrográficas, como o abastecedouro comunitário e assistência técnica. “Isso ajuda muito a produção e não paguei nenhum real para ter essas melhorias.”
Além da redução dos sedimentos por meio das ações de conservação de solos, a Itaipu também se preocupa em diminuir o aporte de pesticidas, incentivando produtores a adotarem técnicas agrícolas mais sustentáveis, como a agricultura orgânica. Por meio de um convênio com uma cooperativa de assistência técnica, a Biolabore, a empresa auxilia 1.200 famílias de agricultores, inclusive viabilizando a conversão das propriedades e a obtenção da certificação orgânica.
Um desses agricultores é Adão Manuel da Silva, que comercializa parte de sua produção na feira que é realizada todas as quartas-feiras e sábados em Santa Helena. Em apenas três hectares irrigados, ele tem uma produção diversificada de legumes e hortaliças, e aplica técnicas como a rotação de culturas.
Com o fechamento das escolas, Silva perdeu uma importante fonte de receita, mas está otimista com a volta das aulas presenciais e recentemente conseguiu certificar um hectare de sua propriedade para a produção orgânica, que deverá resultar em um aumento de 30% na renda. “Com a pandemia, aumentou muito a procura por produtos saudáveis”, comentou Adão, acrescentando que as boas perspectivas com o cultivo de orgânicos fizeram com o que o filho deixasse de trocar o campo pela cidade.
Os pescadores artesanais da área do reservatório da Itaipu também têm uma oportunidade de renda extra, ao optar pelo cultivo de peixes em tanques-rede. Além do fornecimento dos tanques e de assistência técnica, a Itaipu, em parceria com as prefeituras, regularizou e organizou o acesso ao reservatório, fornecendo a infraestrutura dos pontos de pesca.
José Amâncio Rodrigues é um dos 80 pescadores da Colônia São Pedro, em Santa Terezinha de Itaipu, e tem sua base no Ponto de Pesca 5, juntamente com outras nove famílias. Segundo ele, o cultivo de pacu oferece um importante complemento da renda, chegando a representar 30% de seus ganhos (os outros 70% vêm da pesca extrativa). Além do benefício econômico, o projeto tem reflexos ambientais, pois diminui a pressão sobre o estoque pesqueiro do reservatório, contribuindo com a conservação da biodiversidade.
Outro projeto com reflexos ambientais, econômicos e sociais está na gestão de resíduos sólidos. Por meio de uma parceria com a Itaipu e a prefeitura, a Associação dos Catadores de Recicláveis de Santa Terezinha de Itaipu (Acaresti) é responsável pela coleta seletiva em todo o município, beneficiando 46 famílias que antes tinham uma renda de R$ 450 mensais e que hoje chega a uma média de R$ 4 mil/mês. A associação é responsável pela reciclagem mensal de mais de 150 toneladas de materiais, fazendo de Santa Terezinha um dos municípios com os melhores índices no tratamento de resíduos sólidos no País.
O roteiro do general Ferreira também incluiu a comunidade indígena do Añetete, no município de Diamante D’Oeste, que Itaipu apoia com ações como a assistência técnica para a produção agrícola, segurança nutricional, construção de moradias, produção de artesanato, entre outras. Recentemente, a empresa apoiou a comunidade com a doação de alimentos durante a pandemia, além da climatização de salas de aula, a construção de uma quadra poliesportiva coberta e de um campo de futebol. Para o cacique João Miriel, o apoio da Itaipu é fundamental para a comunidade e os recentes investimentos vão impactar diretamente na qualidade de vida, principalmente das crianças.
Entusiasmo
Além da visita às comunidades atendidas pela Itaipu, o roteiro do diretor também incluiu temas mais técnicos de meio ambiente, que foram apresentados durante um sobrevoo de helicóptero de áreas de floresta e do percurso em barco de um braço do reservatório para ver as atividades de monitoramento da qualidade da água. A visita terminou em Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul, onde o diretor plantou uma árvore (erva-mate) em um trecho final de regeneração florestal do Refúgio Biológico Binacional Maracajú.
Ao final, o diretor ressaltou a qualidade e o entusiasmo do corpo técnico de Itaipu, que com um número reduzido de funcionários e por meio de tecnologias modernas como drones e georreferenciamento, dá conta de coordenar atividades em um território extremamente amplo, ao longo dos mais de 170 km de extensão linear do reservatório.