A queda do volume de água dos rios, especialmente nas regiões Sudeste e Centro Oeste, está interrompendo ou reduzindo a navegação nas principais hidrovias do país. Segundo a Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária), o transporte rodoviário, alternativa ao hidroviário, é 70% mais caro. Para evitar racionamento de energia diante da pior crise hídrica dos últimos 91 anos, o governo diminuiu a vazão dos reservatórios das hidrelétricas. A medida, no entanto, baixou o nível dos rios e prejudicou o transporte de cargas.
Segundo divulgado pela CNN Brasil nessa 6ª feira (17.set.2021), embarcações usadas no transporte de soja estão paradas na hidrovia Tietê-Paraná desde o fim de agosto. Com a queda do nível dos rios, elas correm risco de encalhar durante a navegação.
Quando os rios estão navegáveis, a soja é transportada pela hidrovia Tietê-Paraná, de São Simão (GO) a Pederneiras (SP). Lá, ela é levada de trem para o Porto de Santos. Sem poder navegar, a soja produzida no Centro Oeste é levada para Santos de caminhão.
A reabertura da hidrovia está prevista para fevereiro de 2022, durante a estação de cheias. Porém, se a chuva demorar mais do que o previsto para voltar a cair, o nível de água dos rios pode baixar ainda mais e atrasar a retomada. No Rio Paraguai, o transporte de minério de ferro de Corumbá (MS) para portos da Argentina e do Uruguai praticamente parou. Já no Rio Madeira, no Norte do país, as embarcações de soja estão saindo de Porto Velho (RO) até Itacoatiara (AM), mas com quantidade de carga reduzida.
A Fenavega informou à emissora que o custo do frete pelas hidrovias é 70% menor do que pelas rodovias, além de ser mais eficiente. A federação diz enfrentar constantes embates com o setor elétrico por conta da falta de investimento nos rios brasileiros. Em resposta, a secretaria de Logística e Abastecimento de Transportes de São Paulo disse que a hidrovia Tietê-Paraná parou porque o Ministério da Infraestrutura não liberou verba para retirada das pedras no canal da usina de Nova Avanhadava.
O ministério da Infraestrutura, por sua vez, afirmou que a paralisação das obras foi causada pelo atraso na entrega de documentação complementar pelo Departamento Hidroviário de São Paulo, e não por falta de dinheiro.