Astrônomos da Universidade de Michigan, nos EUA, descobriram que os ventos estelares de alta velocidade (superventos) são causados não por explosões de supernovas, mas pela radiação ultravioleta a partir dos locais de formação estelar.
Os resultados da pesquisa, publicados na revista The Astrophysical Journal Letters, permitem explicar as fases iniciais de evolução do Universo. Os pesquisadores registraram superventos provenientes do aglomerado de estrelas Markarian 71 (Mrk 71), que se encontra na galáxia NGC 2366, a cerca de dez milhões de anos-luz da Terra. Esses fluxos de gás movem-se a uma velocidade enorme, equivalente a 1% da velocidade da luz.
Galáxia NGC 2366
Os astrônomos consideravam que estes ventos misteriosos são acelerados pelas ondas de choque das supernovas, no entanto, a Mrk 71 contém estrelas muito jovens, pelo que as supernovas não devem surgir lá.
Os cientistas estudaram as características do vento e o processo de formação de estrelas no Mrk 71, determinando que o supervento é gerado pela radiação ultravioleta que ioniza átomos neutros do hidrogênio e os “empurra” para fora.
Tal mecanismo pode explicar como o nosso Universo obteve a forma atual. Embora as nuvens de hidrogênio que existiam na época de surgimento das primeiras estrelas sejam muito densas para “se evaporar” sob ação dos raios ultravioleta, a radiação podia ter penetrado através das lacunas entre aglomerações de hidrogênio, atingindo as áreas espaciais mais remotas.
Sabe-se que, antes do surgimento das primeiras estrelas, no Universo havia nuvens de gás muito densas. Essa época, chamada a Idade das Trevas, durou cerca de 550 milhões de anos após o Big Bang. Átomos neutros de hidrogênio constituíam 92% de todo o Universo. No entanto, a luz das primeiras estrelas ionizou essas nuvens. Com o tempo, as nuvens se dispersaram, permitindo que a luz estelar preenchesse todo o espaço. Esse processo levou um bilhão de anos, após o que o Universo adquiriu sua aparência atual.