Guerra: RÚSSIA ANUNCIA QUE CONCLUIU RETIRADA DE TROPAS DA CIDADE ESTRATÉGICA DE KHERSON

Segundo autoridades ucranianas e moradores da região, a retirada ocorreu em meio a explosões na ponte Antonivskiy, que atravessa o Rio Dniéper, crucial na defensiva das forças russas.

A Rússia removeu suas tropas e equipamentos militares da cidade estratégica de Kherson, no Sul da Ucrânia, para a margem esquerda do Rio Dniéper, completando uma grande retirada, informou o Ministério da Defesa russo nesta sexta-feira. Moscou havia anunciado planos para sair da cidade na quarta-feira, depois de meses de pressão das tropas ucranianas cortando a guarnição de suprimentos e apoio vitais. A retirada de Kherson, capital da região de mesmo nome que dá acesso à Península da Crimeia e a única que a Rússia tomou desde a invasão de 24 de fevereiro, é considerada um revés altamente simbólico para o Kremlin.

“Hoje, às 5h em Moscou (23h de quinta-feira no horário de Brasília), a transferência das tropas russas para a margem esquerda do rio Dniéper foi concluída”, postou o Ministério da Defesa russo nas redes sociais.

No entanto, o Kremlin assegurou que, apesar da retirada do Exército russo do território, a Rússia continua a considerar que toda a região lhe pertence. No final de setembro, a Rússia reivindicou a anexação de quatro regiões ucranianas, incluindo Kherson, um movimento considerado ilegal internacionalmente.

— A província é um assunto da Federação Russa. Isso é fixado e definido por lei, e não há e não pode haver nenhuma mudança — disse o porta-voz de Vladimir Putin, Dmitri Peskov, após a retirada de suas tropas, garantindo que o território é inegociável e respondendo com um breve “não” quando perguntado se a retirada é uma humilhação para o presidente.

Kiev, por sua vez, classificou a retirada anunciada pela Rússia como mais uma importante vitória em um território que Moscou reivindicou como seu. “A Ucrânia conquista outra importante vitória agora e prova que não importa o que a Rússia faça, a Ucrânia vencerá”, disse o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, no Twitter.

A Ucrânia, que anunciou a retomada de 12 cidades da região nesta quinta-feira, foi cautelosa com a retirada das tropas russas de Kherson, temendo ser uma manobra de Putin, ou que o Exército russo tivesse minado toda a área para dificultar ao máximo o retorno das forças ucranianas.

Retirada sob bombardeios

Segundo autoridades ucranianas e moradores da região, a retirada ocorreu em meio a explosões na ponte Antonivskiy que atravessa o Dniéper. Imagens postadas nas redes sociais mostram a infraestrutura parcialmente destruída.

O chefe do conselho nomeado por Kiev para a região, Oleksandr Samoilenko, disse que não está claro quem conduziu o ataque à estrutura, que é uma artéria chave através do rio e crucial na defensiva das forças russas.

A Rússia, por sua vez, assegurou que não houve vítimas ou perda de equipamentos durante a operação.

A ponte está sob fogo ucraniano há meses, com o lançamento de mísseis de longo alcance para danificar a extensão e limitar a capacidade dos russos de reabastecer suas forças. Contudo, os militares ucranianos tiveram o cuidado de não destruí-la, aparentemente querendo preservá-la para perseguir as forças russas que partiam.

Por sua vez, depois de ordenar que todos os civis deixassem as cidades e vilarejos da região no mês passado, as forças russas explodiram pontes e colocaram uma vasta rede de minas para retardar o avanço ucraniano ao abandonar posições defensivas de longa data na cidade.

Na quinta-feira, as forças ucranianas passaram por cidades e vilarejos abandonados pelos russos após meses de ocupação, encontrando pouca resistência à medida que avançavam em direção à cidade de Kherson. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que os militares recapturaram vastas áreas de território na região e estão trabalhando duro para desminá-lo.

Novos ataques

Enquanto as tropas se retiravam de Kherson, os últimos ataques russos destruíram grande parte da infraestrutura de energia de outras regiões ucranianas nesta sexta-feira, deixando várias partes do país sem energia, incluindo Kiev.

Na noite de quinta-feira, pelo menos sete pessoas foram mortas em um ataque com mísseis a um prédio residencial na cidade de Mikolaiv, no Sul da Ucrânia, disseram autoridades regionais nesta sexta.

Os combates também continuam em Bakhmut, cidade que Moscou tenta conquistar há meses e é o principal campo de batalha onde o Exército russo, apoiado por homens do grupo paramilitar Wagner, continua na ofensiva.

De acordo com a presidência ucraniana, 14 civis foram mortos na quinta-feira, oito na região de Donetsk, no Leste, e seis em Mikolaiv. (Com AFP, New York Times e Bloomberg.)

(Da Redação com O Globo)

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