A contratação temporária de profissionais é uma das estratégias de empresários para alavancar as vendas, principalmente, com a chegada de datas comemorativas de final de ano — Natal e ano novo. Levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) mostra que a expectativa do setor varejista é de abrir 4,3 mil postos de trabalho temporário. No ano passado, eram 3,5 mil vagas. Os dados constam na Pesquisa Contratação de Mão de Obra Temporária no Comércio Varejista.
O estudo indica que 50,5% dos lojistas devem contratar mais pessoas neste período. Em alguns segmentos, como calçados; cama, mesa e banho; cosméticos e perfumarias; e eletrônicos, o porcentual sobe para 68,36%. O presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, destaca que o melhor momento para o comércio varejista será nos próximos dias, reforçado com o pagamento da segunda parcela do 13° salário.
“A maioria das lojas que conversamos já está com equipes de trabalhadores temporários contratados e treinados, aguardando o momento de maior movimentação, que deve começar em breve. Já estamos sentindo o aquecimento das vendas no comércio com a proximidade do Natal. Inclusive, elas começaram em novembro, por conta da Black Friday, período em que também foram contratados temporários para reforçar do time de vendedores, estoquistas, caixas e até seguranças”, detalha José Aparecido.
Oportunidade
O estudante de odontologia Marcos Robert, 21 anos, é um dos exemplos. Ele conquistou uma vaga em uma perfumaria do ParkShopping, no Guará. “Estou fora do mercado de trabalho desde fevereiro, por conta da conclusão do meu curso de ensino superior. E considero o emprego temporário uma ótima opção, isso porque eu já trabalhei outras vezes nesse modelo. Além da renda, acredito que essa oferta de empregos temporários pode agregar muito para o crescimento profissional das pessoas”, explica.
As vagas temporárias são boas oportunidades para entrar no mercado de trabalho. No estudo divulgado pelo instituto, os empresários ouvidos pela pesquisa salientaram que a efetivação dos temporários após o Natal é de sete a cada 10. Para Robert, a dedicação é fundamental para ter chance de se efetivar na empresa. “É um modelo (trabalho temporário) desgastante, mas acredito que todo suor pode ser recompensado no final”, pondera o estudante.
Após pedir demissão no mês passado, a moradora de Planaltina Mirya Rodrigues, 25, viu nas vagas temporárias de fim de ano uma oportunidade para retornar ao mercado de trabalho. “É um mês de vendas no comércio que gera muitas vagas de emprego e acabei conseguindo um (em uma loja no Brasília Shopping)”, comenta.
Apaixonada pela área de vendas e de moda, Mirya ressalta que é importante ter afinidade com o trabalho para exercer bem a função. “Toda vez que eu trabalho em algum lugar, busco algum conhecimento sobre os produtos da loja. Nesse caso de vestuário, eu procuro saber sobre as peças, porque é importante e traz mais confiança para o cliente”, revela a vendedora, que celebra o emprego temporário. “É muito bom terminar o ano trabalhando e acredito que eu, fazendo um bom trabalho, talvez tenha até alguma possibilidade de ser contratada”, conta Mirya.
Subgerente de uma loja de moda fitness, Matheus Valentim, 27, diz que a projeção de vendas para este fim de ano é excelente. “A gente tem expectativa de vendas com aumento de 40%. E, assim, com a equipe que a gente estava, era impossível ter esse crescimento e atingir esse resultado. Vimos a necessidade de contratar uma consultora de moda, que é para o salão de vendas, e um auxiliar de loja, que é para o estoque”, comenta.
Ganha, ganha
O economista Mathias Tessmann avalia que a média de contratações temporárias reflete um cenário positivo para o varejo, que ainda sofre efeitos da crise sanitária provocada pela covid-19. “O grande ponto positivo é que, desde 2017, não tínhamos números tão bons assim. São três anos antes da pandemia. É muito importante, porque o setor está mostrando reação”, disse. Ele defende que os empregos temporários fortalecem a economia local. “Vai gerar várias oportunidades para quem está procurando emprego, porque é um ciclo: a pessoa recebe e vai consumir. É uma cadeia”, explica o economista.
Para o especialista, o cenário de contratações reflete o otimismo do comércio. “É como se a incerteza tivesse sido menor este ano, com relação ao ano passado e aos anos de pandemia, por exemplo. Tendo essa certeza, o empresário se sente mais confiante para investir nesse investimento, que é a contratação de pessoas temporárias pelo aumento de demandas, principalmente agora no final de ano”, afirma Mathias Tessmann.
Em média, as contratações temporárias são de 180 dias. De acordo com o especialista em direito do trabalho Felype Moraes, esse tipo de contrato é importante para pessoas que buscam flexibilidade e variedade na carreira. “O trabalho temporário proporciona ao empregado a oportunidade de explorar novas empresas, indústrias e setores, permitindo-o adquirir e diversificar seu conhecimento e suas habilidades profissionais. Já para as empresas, o trabalho temporário proporciona ao estabelecimento continuar atendendo de forma eficaz altas demandas em períodos sazonais como, por exemplo, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal”, enumera.