O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela emitiu uma ordem de prisão contra Edmundo González, que disputou as últimas eleições venezuelanas, em julho deste ano. A decisão responde a um pedido da Procuradoria-Geral do país, ligado ao regime de Maduro.
A decisão do Tribunal ocorre poucas horas após o pedido do MP da Venezuela, que informou que o pedido de prisão se deu por González ignorar três intimações para prestar depoimento. González é investigado por “usurpação de funções, falsificação de documentos públicos, instigação à desobediência às leis, crimes de informática, associação para cometer crimes e conspiração”, detalha o texto. A Procuradoria-Geral é ligada ao presidente Maduro.
Após ignorar a primeira intimação, González publicou uma carta onde denunciou o descumprimento “flagrante” das atribuições constitucionais e legais do Poder Eleitoral, ao não totalizar e apresentar as atas das eleições de 28 de julho, e justificou o boicote à convocação.
“Se compareço à Sala Eleitoral nessas condições, estarei em absoluta vulnerabilidade por desamparo e violação do devido processo, e colocarei em risco não apenas minha liberdade, mas, o que é mais importante, a vontade do povo, expressada em 28 de julho”, explicou.
Gonzáles denunciou fraude na eleição presidencial de 28 de julho, na qual Nicolás Maduro afirma ter sido reeleito para um terceiro mandato de seis anos (2025-2031), sobre o opositor. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro reeleito com 52% dos votos, enquanto a oposição, liderada por María Corina Machado, alega que González venceu com 67% dos votos, segundo as cópias das atas divulgadas na Internet. O chavismo alega que elas são “forjadas”.
Em 24 de agosto, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, dominado pelo regime, validou os resultados das eleições e acusou Edmundo González Urrutia de “desacato” por se recusar a comparecer às audiências do “processo de perícia” do material eleitoral.
O procurador-geral Tarek William Saab considera Edmundo González e María Corina Machado responsáveis pelos atos de violência nos protestos que deixaram 27 mortos — dois deles militares —, quase 200 feridos e mais de 2,4 mil presos.