“Estamos em águas perigosas”. O alerta é do secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre aumento do nível do mar. Na quarta-feira, 25 de setembro, ele esteve em uma reunião plenária de alto nível sobre o assunto e fez afirmações contundentes sobre as ameaças existenciais causadas pelo aumento dos níveis oceânicos.
Em seu discurso, o chefe das Nações Unidas aponta que a água dos mares está subindo a uma velocidade sem precedentes nos últimos 3 mil anos, com impactos arrasadores já sendo sentidos ao redor do mundo.
Colapso climático
De acordo com o secretário-geral, a taxa de aumento mais do que dobrou desde a década de 1990. Ele aponta que o aumento do nível do mar é uma consequência direta do aquecimento global, causado em grande parte pela queima de combustíveis fósseis.
O chefe da ONU afirmou que temperaturas acima de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais podem desencadear o colapso irreversível de geleiras na Groenlândia e na Antártida Ocidental.
Guterres também destacou que comunidades costeiras estão entre as mais vulneráveis, com 900 milhões de pessoas vivendo em áreas diretamente ameaçadas.
Impacto econômico
O impacto econômico também é significativo. Guterres lembra que países insulares como Vanuatu e regiões costeiras como Bangladesh já sofrem danos severos, incluindo a destruição de infraestrutura e colheitas devido à salinização da água.
O chefe das Nações Unidas destacou que “enquanto os mais pobres sofrem mais, nações ricas também estão gastando bilhões em adaptações para conter os danos.”
O secretário-geral apelou aos líderes mundiais para que tomem ações drásticas e urgentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e adaptar suas economias às novas realidades climáticas.
Ele reforçou que apenas uma resposta coordenada e imediata pode evitar um cenário em que vidas, economias e países inteiros “sejam arrastados pelas águas”.
Ação
Para Guterres, somente uma ação drástica para reduzir as emissões pode limitar o aumento do nível do mar e ações drásticas de adaptação podem salvar populações da subida das águas.
Ele lembrou que a Iniciativa de Alertas Precoces deve proteger toda a população global até 2027 e todos os países devem entregar novos planos nacionais de ação climática antes da COP30, no próximo ano.
O secretário-geral acrescentou que os planos devem estar alinhados com a meta de 1,5ºC, abranger todos os setores da economia e eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, de forma rápida e justa.
Investimento
Ressaltando que os países do G20, bloco das 20 maiores economias do mundo, são responsáveis por cerca de 80% das emissões globais, Guterres avalia que eles devem liderar as iniciativas e alinhar seus planos de produção e consumo de combustíveis fósseis com o Acordo de Paris.
Ele finalizou destacando que o “dinheiro é indispensável” e por isso as partes devem buscar um “resultado financeiro sólido na COP29”, inclusive em relação a fontes de capital novas e inovadoras.