A jornalista italiana Amal Essabhani enviou colaboração para o jovempan.com.br sobre o recrutamento de crianças por grupos guerrilheiros. O trabalho foi baseado em relatório produzido pela ONU. As conclusões estão a seguir:
Relatórios divulgados durante a 65ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, realizada em Genebra, na Suíça, de 18 de junho a 12 de julho, revelaram casos chocantes de recrutamento de crianças ao redor do mundo, armamento de menores e sua exploração como armas humanas em várias áreas politicamente instáveis globalmente. O relatório abordou áreas críticas na América Latina, destacando a Colômbia como um foco perigoso onde crianças são treinadas na fabricação de bombas, tiro e manuseio de armas.
Abdul Qadir Filali, presidente do Centro Internacional de Pesquisa sobre Prevenção do Recrutamento Infantil, durante uma discussão paralela à sessão de direitos humanos, explicou que este perigo não está confinado apenas à Colômbia, mas se espalha para países vizinhos como Peru e Equador, sendo alvo de gangues de recrutamento infantil ligadas a organizações internacionais e estados em busca de militarização e guerra no mundo. Filali enfatizou que as fronteiras entre Peru e Colômbia são uma porta de entrada para esses perigos, com o Irã e o Hezbollah visando a América Latina como um terreno fértil para disseminar sua ideologia, especialmente o xiismo islâmico, através de centros culturais persas, instituições religiosas e redes de televisão que propagam mensagens financiadas em espanhol.
Os relatórios também revelaram que organizações terroristas do Oriente Médio, como o Estado Islâmico (ISIS), estão tentando expandir significativamente no Brasil, financiando projetos para estabelecer centros de treinamento e recrutamento de crianças e atrair jovens desesperados para suas fileiras. Além disso, o relatório documentou o aumento alarmante dessa prática em várias partes do mundo, incluindo a Colômbia na América Latina, sul da República Democrática do Congo, campos de Tindouf no sul da Argélia, sul do Sudão na África, Síria e Afeganistão na Ásia, onde países vizinhos são explorados para treinar menores para o uso de armas.
Os relatórios também forneceram estatísticas preocupantes sobre o número de crianças recrutadas na região de Tindouf, sul da Argélia, e as violações dos direitos humanos que enfrentam, sendo forçadas a portar armas e integrar gangues organizadas desde tenra idade, violando seus direitos básicos como segurança e educação regularmente. O relatório focou nas condições desumanas enfrentadas por crianças nos campos de Tindouf, descrevendo-os como “centros de detenção ilegal” e condenou violações repetidas dos direitos humanos, incluindo privação de nacionalidade, exploração militar da população e recrutamento de crianças, além de casos de escravidão sexual.
Daniel Hainer, diplomata suíço, enfatizou a necessidade urgente de que a Europa enfrente o recrutamento infantil, dada sua experiência com guerras passadas, alertando para o perigo que soldados infantis representam para a segurança, e pedindo medidas para erradicar esta praga. Os especialistas unanimemente apelaram à comunidade internacional para adotar medidas imediatas para acabar com essas práticas destrutivas, promover a paz e a segurança para as gerações futuras, e enfatizaram a responsabilidade coletiva de proteger os grupos mais vulneráveis e garantir que mais crianças não sejam obrigadas a suportar o ônus de conflitos armados.