O peso do agronegócio para o produto interno bruto (PIB) brasileiro, bem como a agenda para o meio ambiente, são vistos como oportunidades para o mercado de serviços baseados no espaço. Durante o Congresso Latinoamericano Satélites nesta quarta-feira, 2, duas empresas de satélites comentaram sobre o papel estratégico do Brasil para o crescimento do setor: a finlandesa Iceye e a francesa Kinéis.
“Brasileiro gosta de testar e conhecer novas tecnologias“, disse a head de desenvolvimento de negócios para América Latina da Kinéis, Ségolène Pluchet. Hoje a empresa opera 10 nanossatélites de baixa órbita para o mercado de Internet das Coisas (IoT). Mas a meta da companhia é chegar a 25 – que devem ficar prontos em maio de 2025.
“O mercado brasileiro é gigantesco. As nossas aplicações para IoT são para lugares remotos, com foco em setores como agricultura, energia, mineração, óleo e gás, que são setores-chave para o Brasil. Vemos isso como um potencial enorme para nós”, disse Pluchet.
A empresa francesa iniciou a comercialização dos serviços no Brasil, de fato, este ano após a Anatel autorizar o direito de exploração dos satélites da Kinéis. Mas a mobilização em torno das parcerias começou antes, em novembro do ano passado. “Trabalhamos com parceiros que integram o nosso chipset em dispositivos IoT“, contou Pluchet. Por aqui, há uma revendedora da conectividade da Kinéis: a CLS – empresa carioca que presta serviços principalmente para a indústria de óleo e gás offshore
Monitoramento ambiental
Já no âmbito da agenda climática, a VPO da América Latina da Iceye, Ana Paula Cordeiro, disse que os eventos meteorológicos extremos recentes no País vêm sensibilizando o governo sobre a necessidade da coleta de dados pelo espaço. Atualmente, a startup opera a maior constelação SAR (radar de abertura sintética) do mundo – com 27 satélites.
Durante as enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul este ano, as imagens geradas pelos modelos da Iceye apoiaram as equipes de mobilização gaúcha. “Por causa do tamanho da constelação e da taxa de revisita nós conseguimos imagear a área antes, durante e depois do evento [das inundações], o que trouxe uma riqueza de dados muito grande que foram utilizadas pelo governo”, contou Cordeiro.
Um dos clientes brasileiros mais importantes da Iceye é a Força Aérea Brasileira (FAB). Em maio de 2022, a startup lançou dois satélites que foram entregues à FAB, que hoje opera esses modelos para apoiar missões ambientais e de segurança nacional – como a detecção de desmatamento e incêndios florestais.
Parcerias
Mesmo com focos definidos por setores estratégicos que movem a economia brasileira, ambas as empresas admitem que novos casos de uso ainda estão sendo descobertos. Para isso, no entanto, as operadoras de satélites veem nas parcerias uma oportunidade de alavancar novas soluções no mercado.