Foz do Iguaçu: AULAS PRESENCIAIS AUMENTAM CIRCULAÇÃO DO COVID-19 NO MUNICÍPIO, ALERTA CIENTISTA

Estudo comprova que não há segurança sanitária na cidade para retorno das aulas presenciais. Sindicatos dos trabalhadores da Educação em todos os níveis estão unidos em defesa da vida.

Em estudo sobre a pandemia no Paraná, o cientista Lucas Ferrante, constatou que não há protocolos seguros para a volta às aulas neste momento, na quase totalidade dos municípios paranaenses, inclusive em Foz do Iguaçu, onde 13 profissionais da Educação já vieram a óbito vitimados pela Covid-19. A reabertura das escolas para o ensino irá acelerar a pandemia, com aumento do número de mortes, novos casos da doença e internação hospitalar. Nesta quarta-feira, 19 de maio, Ferrante detalhou um estudo científico do INPA sobre a pandemia em Foz do Iguaçu e seus impactos da retomada das aulas presenciais nas escolas.

A iniciativa envolveu os sindicatos da Educação básica e superior de Foz do Iguaçu em evento virtual. A live foi transmitida no início da noite pelo Facebook app.fozdoiguacu. O conteúdo segue disponível para os interessados nesta mesma página da APP Foz do Iguaçu.  Junto com o biólogo e pesquisador Lucas Ferrante, participaram a professora Viviane Jara (SINPREFI), com mediação do professor Silvio Borges (APP-Sindicato/Foz).

Vídeo da live está disponível na página da APP Sindicato e do Sinprefi no Facebook

Durante a live, o cientista afirmou que “devido a quebra de isolamento social, os índices da Covid-19 aumentaram em Foz do Iguaçu. Os índices estão acima do projetado e indicam que não é momento de  retorno de ensino presencial pois inflaria os índices de mobilidade urbana, aumentando a circulação viral em Foz do Iguaçu.”

O debate aberto foi destinado a professores, agentes educacionais de todos os níveis de ensino, estudantes, mães e pais de alunos, além de gestores públicos.

SITUAÇÃO GRAVE COM ÍNDICES INADMISSÍVEIS

Lucas Ferrante alertou que “a situação na cidade é grave. Temos índices inadmissíveis de mortalidade diárias, internações e é recomendado ainda o não retorno. A Prefeitura de Foz não está disponibilizando os dados de mortalidade e boletins do ano passado desde o início da pandemia, somente a partir de outubro. Isso precisa ser revertido imediatamente. Os dados de Foz precisam ser disponibilizados de maneira mais transparente.”

Apontou que “é recomendado para Foz a manutenção das medidas restritivas porque a cidade está em um momento drástico”. O cientista desbancou os argumentos técnicos apresentados pela prefeitura e Governo do Estado para retornar com as aulas presenciais. “Temos o Levantamento Internacional de Retomada das Aulas Presenciais, do Vozes da Educação, que pautou que seria seguro o retorno das aulas baseado em dados de vários países, dentre eles Portugal e Suíça. Um estudo fraudado com informações falsas para pautar. Países que foram recomendável esse retorno, não foi nada disso do que foi evidenciado. Portugal fechou escolas e universidades logo após o retorno, após surtos de Covid-19.”

Na opinião de Ferrante, “algumas pessoas e pesquisadores, de forma tendenciosa, tem pautado informações e estudos falsos para incentivarem o retorno das aulas”. Na parte das recomendações, o cientista afirmou que “o fechamento de escolas e universidades é necessário. A retomada das aulas presenciais neste momento é algo que propiciará o aumento de circulação viral. Para escolas e universidades não é recomendável a retomada diante dos índices de Foz neste momento. Não é seguro. O fechamento de escolas e universidades, comprovadamente é uma forma segura para a contenção da pandemia.”


SITUAÇÃO PODE SE TORNAR VIÁVEL APÓS VACINAÇÃO DE 70% DA POPULAÇÃO

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Números atualizados da Covid em Foz do Iguaçu foram apresentados durante a live

Lucas Ferrante declarou que “o retorno híbrido ou presencial das aulas será seguro apenas após a vacinação de 70% de toda a população. Inclusive o retorno em escolas particulares.”

Os professores das redes municipal e estadual decidiram pela suspensão do retorno das aulas presenciais. No Estado, o posicionamento com o movimento “Greve pela Vida” começou no dia 12. Nas escolas municipais a prefeitura iniciou uma experiência de retorno, chegando agora na segunda semana em meio à decisão da categoria de paralisar a retomada. A classe contabiliza oito mortes e 143 contaminados pela doença.

Os indicadores comprovam que a pandemia não está controlada. Além do aumento do número de casos de covid-19, Foz do Iguaçu atingiu nesta quarta-feira 830 casos ativos da doença. Quando há esse potencial de transmissão, não é seguro reabrir escolas.

GREVE PELA VIDA

O Sinprefi e a APP-Sindicato apontam que a volta às aulas presenciais coloca em risco educadores(as), estudantes e suas famílias. Os indicadores epidemiológicos em Foz do Iguaçu, segundo as entidades de classe, demonstram que a pandemia de covid-19 não está controlada. Ainda assim, o Governo do Paraná determinou a volta às aulas presenciais em nove colégios no município – são 28 nas nove cidades da região – , medida operada pela chefia do NRE.

Na live, Leandro Bortoluzzi comentou que “outro problema grave foi a perícia do Estado negar afastamento para pessoas com comorbidades em fevereiro, inclusive com o falecimento de um educador”.

Em Assembleia Geral realizada pelo Sindicato dos Professores e Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal de Foz do Iguaçu (SINPREFI), 88,6% dos participantes se manifestaram favoráveis à suspensão do projeto-piloto em andamento em cinco escolas municipais de Foz do Iguaçu. A deliberação ocorreu na última sexta-feira (14), em plataforma on-line.

Além disso, os educadores votaram contra a obrigatoriedade de todos os profissionais cumprirem a carga horária de trabalho presencial nas escolas e CMEI´s do município conforme vem ocorrendo, sem escalas.

Sobre os posicionamentos, Vanda Santana, comentou durante a live na noite desta quarta-feira que a “APP- Sindicato buscou a fundamentação na Ciência e não no achismo”.

Elaine Ferreira opinou: “Quando os pais ou familiares tem covid, o correto não seria fechar por 10 dias? As crianças em contato com as outras na escola podem transmitir porque elas não apresentam sintomas”. Patricia da Silva Cardoso concordou e disse que sua “prima de 4 anos teve covid e ninguém percebeu. Duas semanas depois desenvolveu uma síndrome referente à covid e quase morreu. Ficou duas semanas na UTI”.

No encerramento da live, Vanessa Batista de Andrade, deixou o comentário: “Parabéns a todos os companheiros e companheiras de luta, pelo evento super esclarecedor sobre o atual estado de coisas em Foz e na região, que no momento está sobe o manto da pandemia e da loucura insensata de genocidas. Grande abraço e estamos juntos na luta”.

(Da Redação)

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