Foz do Iguaçu: PREFEITO APOIOU DEPUTADO CASCAVELENSE QUE PROPÔS E APROVOU TROCA DE NOME DA PONTE DA INTEGRAÇÃO

Enquanto Foz busca maior representatividade parlamentar em Brasília e Curitiba, paraquedismo político deve continuar, com apoio de Chico Brasileiro, nas eleições para deputado no ano que vem.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro (PSD), apoiando Evandro Roman (ex-PSD, hoje no Patriota) de Cascavel, que exerce o mandato de deputado federal e é autor do projeto que está alterando o nome da segunda ponte do Brasil com o Paraguai. A obra que se chamaria Ponte da Integração está sendo rebatizada de Ponte Jaime Lerner, em homenagem ao ex-governador.

O vídeo de Brasileiro pedindo votos para o cascavelense Roman viralizou e causou revolta na sociedade iguaçuense, com reações contrárias até dos vizinhos paraguaios, pois o parlamentar não consultou a sociedade iguaçuense e nem a de Puerto Presidente Franco (Paraguai), que estão indignadas com a aprovação da iniciativa de Roman na Câmara dos Deputados. O projeto do deputado segue agora para a apreciação do Senado.

ALIANÇA VERGONHOSA

Não teve jeito do prefeito Chico Brasileiro esconder a relação política com o parceiro Evandro Roman. O vídeo, viralizado nas redes sociais no fim de semana passado, revelou a verdade numa aliança do prefeito que envergonha a cidade. No gravação, Chico, tentando se justificar da afronta de seu aliado político Roman aos iguaçuenses e aos vizinhos de Puerto Franco, diz ser contra a mudança do nome da Ponte da Integração, mas, logo a seguir, aparece o prefeito de Foz em gravação exibida em horário eleitoral pedindo votos para Roman, que repita-se é de Cascavel, aliado político esse que em momento algum foi criticado por Brasileiro pela projeto mudando o nome da nova ponte ligando o Brasil ao Paraguai, por Foz do Iguaçu. Confira o vídeo:

PARAQUEDISMO POLÍTICO FOI, E É, OFICIAL EM FOZ DO IGUAÇU 

O pedido de votos para paraquedista“Sabemos que Foz do Iguaçu depende muito de Brasília. Quase tudo aqui se relaciona com o Governo Federal. Foi aí que nós batemos na porta do deputado Evandro Roman, e ele se prontificou e ajudou imensamente a nossa cidade. Foz teve a mão do deputado Evandro Roman, e é por isso, por gratidão, que estamos aqui declarando o nosso apoio e pedindo a sua ajuda para que a gente continue com o deputado que olhe por Foz e nos ajuda muito!”

“Para inglês ver” – Chico Brasileiro na Rádio Cultura tentando se eximir da responsabilidade de ter ajuda a eleger o deputado Evandro Roman de Cascavel: “Não podemos deixar que as decisões fiquem em Brasília. Aliás, temos que nos preocupar muito com isso, pois muito do que acontece lá tem reflexo aqui. Uma delas é a história do nome da nova Ponte por decisão de um deputado federal! Deputado que eu até tinha um apreço! Chegou lá tomando a decisão para atender pedidos de grupos externos, não grupos de Foz do Iguaçu, e foi lá e quis mudar o nome da nova ponte. Mesmo que tenha sido de um ex-governador, qualquer decisão sobre a vida local tem que ouvir a comunidade local. O nome da ponte já está decidido e não vai ter nome de A, B ou C. É Ponte da Integração. E não é lá em Brasília que vão querer interferir na vida da nossa cidade!”

REAÇÕES NO LEGISLATIVO LOCAL

Protagonista da primeira forte reação ao projeto do deputado Evandro Roman, a Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, sob comando de seu presidente, Ney Patrício (foto ao lado),  aprovou uma Moção de Apelo à Câmara Federal para que fosse mantido o nome da Ponte da Integração, moção que foi protocolarmente enviada ao Congresso Nacional, mas, no entanto, não conseguiu demover Roman de seu intento, o qual tramitou em regime de urgência. No mesmo dia da notícia de que o projeto havia sido aprovado e seria enviado ao Senado, o presidente da Câmara de Foz, vereador Ney Patrício, reagiu veementemente, reforçando o posicionamento do Poder Legislativo e disse que seguirá combatendo a ideia.

“Dias atrás, na Câmara de Vereadores de Foz, aprovamos por unanimidade e assinatura dos 15 vereadores uma moção de apelo ao Deputado Federal Evandro Roman, que retirasse a proposta do nome da nossa Ponte Internacional da Integração, que ainda está em construção por Itaipu Binacional. Agora, infelizmente recebi a notícia de que a Câmara dos Deputados aprovou em 1° discussão essa mudança de nome”, comentou Ney Patrício em suas redes sociais.

O presidente da Câmara de Foz elevou o tom. “Agora vamos nos dirigir ao Senado Federal pedindo que se mantenha nosso apelo de retirar essa proposta e não aprovar. A Câmara continua lutando para mostrar que essa cidade tem dono, tem gente e que não venha forasteiro impor na nossa cidade nome que não tenha nada a ver com a gente”, criticou na redes socias, também usadas por ele para o enfrentamento da mudança do nome da Ponte da Integração.

Legalidade questionada – “Estamos estudando a legalidade do projeto de mudança da Ponte da Integração, pois, cremos, tal decisão deveria ter anuência do Paraguai, país ao qual também pertence a ponte. Não parece ser de autonomia do Brasil tomar, sozinho, a decisão da mudança proposta pelo deputado Evandro Roman.”, disse o presidente do Legislativo de Foz ao IGUASSU News nesta segunda-feira (23).

REAÇÕES TAMBÉM NA ITAIPU E NO PARAGUAI

Autoridades e organizações de Foz do Iguaçu e Paraguai estão se manifestando contra a mudança do nome da Ponte. Um deles é o coronel Robson Rodrigues de Oliveira, chefe de gabinete do diretor da Itaipu, general João Francisco Ferreira. Isso aconteceu na sexta-feira (20) durante reunião com o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, e a prefeita da cidade paraguaia de Presidente Franco, Julia Ferreira.

O coronel Robson manifestou-se contrário à proposta. “Há uma pedra fundamental da obra em que consta Ponte da Integração. Nosso pleito é muito simples: manter o nome já escolhido e consolidado trinacionalmente”, disse. Vale lembrar que a construção da Ponte está sendo financiada pela Itaipu.

A prefeita de Franco, também se manifestou. “Exigimos respeito em nome da cidade de Presidente Franco e do Paraguai, pois não fomos ouvidos para essa mudança de nome da ponte”, afirmou. “Nosso país é parte da Itaipu, que está custeando a obra, e, como povos irmãos, deveríamos ter sido consultados. Não estamos de acordo e não aceitaremos essa alteração”, concluiu Julia.

ANTES TARDE DO QUE NUNCA

Acompanhando posicionamento da Câmara Municipal de dias antes, o CODEFOZ, após reunião ampla, por meio de moção assinada por 9 entidades da sociedade civil organizada e representantes do Poder Público, fez um manifesto ao Senado Federal, pedindo que o nome da Ponte não seja alterado. “O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu (CODEFOZ) requer desta Casa Legislativa a rejeição do Projeto de Lei (PL) 1.984/2021, deliberado pela Câmara dos Deputados em 19 de agosto de 2021. O referido PL visa a denominar de ‘Jaime Lerner’ a PONTE INTERNACIONAL DA INTEGRAÇÃO BRASIL-PARAGUAI, designação reconhecida e amplamente legitimada pela comunidade fronteiriça”, consta no documento oficial.

O CODEFOZ reforça que a nomenclatura proposta no projeto de autoria do deputado federal Evandro Roman (Patriota-PR) sequer foi apresentada a instituições públicas e privadas das cidades de Foz do Iguaçu (Paraná, Brasil) e Puerto Franco (Alto Paraná, Paraguai), localidades em que está sendo estabelecida a nova ligação internacional entre as duas nações. O projeto tramitou com urgência na Câmara Federal, anulando o debate e retirando da população local o direito de opinião.

A obra de R$ 323 milhões é de iniciativa do governo federal, realizada sob a gestão do Governo do Paraná e custeada pela margem brasileira da Itaipu Binacional, resultado exclusivamente de uma política de Estado. Aferição técnica realizada no mês de julho demonstra que a ponte já atingiu 64% de execução. A inauguração do empreendimento está prevista para o ano de 2022.

“A sua construção representa a harmonia e a união entre os países da região, valores praticados e amplificados em longas décadas de integração. Outras duas vias de conexão internacional nas Três Fronteiras simbolizam essa boa convivência, que são as pontes da Amizade Brasil-Paraguai e da Fraternidade Brasil-Argentina”, reforçou o documento do CODEFOZ.


Opinião

2022 –  Alerta. Apesar da falta de maior representatividade de Foz do do Iguaçu na Assembleia Legislativa do Paraná e no Congresso Nacional em Brasília, a exemplo do que ocorreu nas eleições parlamentares de 2018, quando Chico Brasileiro apoiou o cascavelense Evandro Roman para deputado federal (e deu no que deu…), nas eleições do próximo ano, a Terra das Cataratas, com o apoio do prefeito local, deverá, mais uma vez, ser campo aberto para “paraquedistas” como Roman e outros tantos que levaram expressivos votos dos iguaçuenses nas eleições passadas.

Em 2018, os iguaçuenses elegeram para deputado, apenas o deputado federal Vermelho e o deputado estadual Soldado Fruet, enquanto Cascavel (de Evandro Roman, que assumiu como suplente) elegeu outros 2 deputados federais e 3 deputados estaduais, tendo aquele município, número de habitantes muito próximo ao de Foz do Iguaçu.

Chico Brasileiro tem preterido os deputados de Foz do Iguaçu, inclusive nas questões de dever de ofício, em favor de outros parlamentares (que  garimpam votos iguaçuenses, com a anuência do prefeito do município). O deputado Fruet, apesar de insistir, não consegue ser recebido pelo prefeito desde 2020, mesmo sendo para tratar de assuntos de interesse do município. O deputado Vermelho, pelo que consta, durante meses, sequer contato telefônico teve com Chico Brasileiro, que só há pouco passou a atendê-lo, muito a contragosto, pelo que consta. 

Infelizmente, tudo indica que o prefeito, para que não surjam das urnas novas lideranças políticas locais que possam atrapalhar seus planos de poder, estaria estimulando uma “pulverização” de votos para políticos “paraquedistas” e em candidaturas locais inexpressivas, o que, certamente, resultará em lamentáveis consequências para o futuro da cidade. É aguardar para ver o resultado de toda essa lamentável forma de fazer política.

(Da Redação)

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