Guerra: termo cuja concepção mais comum refere-se ao conflito bélico entre duas ou mais nações, rompendo assim um estado de paz. Em 24 de fevereiro a Rússia iniciou uma guerra com a Ucrânia que, segundo a agência de Direitos Humanos da ONU, causou ao menos 364 vítimas civis até então e fez com que mais de 1,7 milhão de ucranianos fugissem de seu país. Mas quais os impactos invisíveis de um combate?
O mundo inteiro tem assistido, por meio de telas digitais, a bombardeios, gritos e desespero de cidadãos no Leste Europeu, como notícias de famílias inteiras que foram alvejadas enquanto fugiam e até mesmo de soldados russos se rendendo sem resistência, inclusive um deles em lágrimas ao ligar para a mãe em imagem difundida países afora.
Conforme uma extensa literatura científica, além de gerar risco de morte e de invalidez, os conflitos armados propiciam aumento expressivo de violência interpessoal, tais como agressões a mulheres e a crianças, abuso de álcool e substâncias químicas, suicídio, homicídio, doenças infecciosas, xenofobia e exploração sexual em campos de refugiados. Por exemplo, o Unicef afirmou, em 2005, que grande parte das adolescentes que sobreviveram ao genocídio de 1994, em Ruanda, foram estupradas.
Mas é preciso abordar, também, os impactos psicológicos de uma guerra – tão nefastos que atingem até quem acompanha à distância devido à extrema tensão causada por sentimentos de medo, ansiedade e incerteza. As pessoas acabam falando sobre a guerra, se aproximando dessa realidade e, de certa forma, absorvendo a dor daqueles que sofrem diretamente com o conflito.
Apenas por manter pensamentos catastróficos, o cérebro é capaz de ativar o sistema de defesa. Diante do estresse, o organismo produz uma série de substâncias que permitem ao corpo responder de maneira ágil, como a adrenalina e o cortisol. Assim, o cérebro fica em estado de alerta e, o coração dispara sua frequência cardíaca, bem como o pulmão aumenta a frequência respiratória. Os efeitos dessas reações químicas constantes incluem ansiedade, depressão, distúrbios comportamentais e estresse pós-traumático.
Além disso, um estudo da Universidade Masaryk, na República Tcheca, de 2019, concluiu que além dos danos na saúde mental, uma guerra pode trazer consequências biológicas. Isto porque ao estudar a estrutura cerebral de sobreviventes do Holocausto, encontrou-se uma redução expressiva da massa cinzenta dessas pessoas, gerando diferenças no processamento de emoção, cognição social e memória entre vítimas e não vítimas.
A saúde mental tem sido cada vez mais estudada nos últimos anos, sendo necessário educar crianças, jovens e adultos sobre como buscar a estabilidade emocional, por meio do autoconhecimento (psicoterapia), relacionamentos saudáveis, equilíbrio entre razão e emoção, pensamento positivo, desenvolvimento da automotivação, além de boa alimentação, atividade física regular e cultivo de hobbies.
(Com O Tempo)