Coluna Caio Gottlieb: REFERÊNCIA NA GERAÇÃO DE BIOENERGIA, ENERDINBO RECEBE O MINISTRO DE MEIO AMBIENTE

Prestes a lançar o Programa Metano Zero, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, esteve no Oeste do Paraná, em busca de modelos de geração de bioenergia que possam ser estimulados e replicados no país. A comitiva visitou os municípios de Toledo, Ouro Verde do Oeste, Entre Rios do Oeste e Cascavel, para visitas técnicas a usinas e plantas de biogás e biometano, bem como de gestão de resíduos, que vão ajudar na definição das iniciativas do Governo Federal.

A EnerDinBo fez parte do roteiro nesta quarta-feira (09). A primeira central de bioenergia em grande escala do Brasil fica na área rural do município de Ouro Verde do Oeste e recebe dejetos de suínos de 40 propriedades em um raio de 15 quilômetros de distância. Os excrementos dos porcos são um passivo ambiental significativo para a região, que é uma das principais produtoras de suínos do país. Além disso, a geração também é feita com resíduos das agroindústrias de produtos lácteos e rações. Na EnerDinBo, o problema se torna solução, com a produção de biogás, biometano e biofertilizante.

Por dia, a capacidade de tratamento é de 700 m³ de dejetos. O trabalho desenvolvido desde 2020 chamou a atenção do ministro do Meio Ambiente. Joaquim Leite analisou toda a planta da central de bioenergia, acompanhado dos sócios Valdinei Silva, Gilberto Lorenzi e Jorge Tasaki, e pelo diretor-técnico Thiago González. “Eu fiquei impressionado em saber que a tecnologia está pronta para a expansão. Existe a possibilidade de o Governo Federal apenas catalisar essa atividade econômica, com as tecnologias já consolidadas. Consideramos a região Oeste do Paraná como um polo de geração de bioenergia”, destaca o ministro.

Em novembro de 2021, o Brasil aderiu ao compromisso global para a redução das emissões de metano, durante a COP26, em Glasgow, na Escócia. O acordo prevê a redução voluntária de 30% das emissões no mundo. O Programa Metano Zero faz parte das ações para impulsionar os resultados. A intenção é estimular a transformação do gás de efeito estufa em biocombustível, com o auxílio financeiro de bancos públicos. A ideia ainda é fomentar o mercado de carbono no Brasil, com a criação de uma legislação específica e que beneficie empreendimentos como a EnerDinBo. “Podemos acrescentar uma renda extra a essas iniciativas, com os créditos de carbono. Com esse mercado regulado, o Brasil poderá reduzir a emissão do gás, com certificação, e exportar o crédito para países que não tenham alcançado a meta”, detalha Joaquim Leite.

Thiago González lembra dos demais produtos gerados pela central de bioenergia que, além de serem amigáveis ao meio ambiente, também são substitutos de produtos que podem ficar escassos no futuro. “Estamos enfrentando um momento atípico no mundo, com a guerra na Ucrânia. Um dos efeitos do conflito é a possibilidade de falta de diesel, gás natural e fertilizantes. A central tem a capacidade de produzir produtos que podem suprir essa demanda: o biodiesel, a bioenergia e o biofertilizante”, explica o diretor-técnico da EnerDinBo.

Mesmo com pouco tempo de operação, a central de bioenergia já começa a obter resultados, como a possibilidade de ampliação da produção de suínos na região. “Com a alta nos insumos da suinocultura, a forma de aumentar os ganhos é também ampliando o plantel. A partir da destinação dos dejetos, 40% dos produtores que têm contrato com a EnerDinBo conseguiram aumentar o número de suínos nas propriedades”, acrescenta Thiago.

Já há estudos para a expansão do modelo para outros municípios da região e até outros estados, e os incentivos viriam na hora certa. “A EnerDinBo é um bebê e está apenas começando. Na região Oeste, para acabar com o passivo ambiental, seriam necessárias 32 centrais de bioenergia como a nossa. Temos aqui tecnologia de 5 países, então deixamos as portas abertas para quem quiser conhecer, replicar e até propor melhorias no trabalho que está sendo realizado”, pontua Valdinei Silva.

A visita do ministro representou um aceno de que será possível ampliar a ideia, para que mais lugares possam ganhar com a solução. “Qualquer empreendedor que tenta inovar se depara com muitas dificuldades. É difícil levar essa mensagem para que um passivo se torne realmente um ativo ambiental. Desejamos então que o Governo Federal possa ajudar os empreendedores a fazerem acontecer”, enfatiza Jorge Tasaki. “A visita do ministro coroa esse trabalho que fizemos. Esperamos verbas do Governo para que essa realidade se multiplique não só por nossas mãos, mas por várias outras para que o meio ambiente se beneficie”, opina Gilberto Lorenzi.

Além da EnerDinBo, o ministro Joaquim Leite também visitou nesta quarta-feira (09) as obras da central de bioenergia e o aterro sanitário de Toledo. Nesta quinta-feira (10), o roteiro incluiu a passagem pela mini central termoelétrica de biogás, em Entre Rios do Oeste; pela unidade produtora de desmamados, em Santa Helena; e aterro sanitário de Cascavel. O Programa Metano Zero será lançado pelo Ministério do Meio Ambiente na próxima quinta-feira (17).

(Leia a Coluna Caio Gotlieb pelo link: caiogottlieb.jor.br)

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