Pela Conservação: ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA NO LITORAL DO PARANÁ GANHAM PARCERIA

As instituições vão conservar e restaurar 50 hectares de áreas nativas e plantar quase cinco mil mudas de 77 espécies endêmicas do bioma Mata Atlântica.

Nos próximos cinco anos, a SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental) e a BAT Brasil, subsidiária da British American Tobacco no país, vão apoiar uma ação de conservação da biodiversidade em áreas do território da Grande Reserva Mata Atlântica situadas no litoral do Paraná.

Juntas, as instituições vão conservar e restaurar 50 hectares de áreas nativas e plantar quase cinco mil mudas de 77 espécies endêmicas do bioma Mata Atlântica, a fim de enriquecer remanescentes florestais da Reserva Natural das Águas, uma das três Unidades de Conservação (UCs) de propriedade da SPVS, localizadas no litoral do Paraná, em Antonina e Guaraqueçaba.

A Reserva Natural das Águas e a Reserva Natural Guaricica ficam no primeiro município, enquanto a Reserva Natural do Papagaio-de-cara-roxa no segundo. Com isso, o projeto Gestão territorial voltada à Produção de Natureza, da SPVS com a BAT Brasil, pretende contribuir com o processo de restauração ecológica desses ambientes.

O diferencial da iniciativa está nos esforços de trabalhar conjuntamente a conservação de áreas naturais já consolidadas (mas que ainda não estão em estágio clímax, que é o último estágio alcançado por comunidades ecológicas ao longo da sucessão ecológica), e a restauração florestal a partir do enriquecimento em diversidade de espécies nos ambientes florestais em estágio inicial da Reserva Natural das Águas.

As ações prometem contribuir para a manutenção e a ampliação dos processos ecológicos dessas áreas e, consequentemente, com a geração de serviços ecossistêmicos, que são os benefícios diretos e indiretos que a sociedade obtém da natureza.

A Reserva das Águas tem mais de três mil hectares de áreas nativas de Mata Atlântica. Juntas, as três Reservas mantidas pela SPVS somam mais de 19 mil hectares do bioma, que vêm sendo recuperado, protegido e conservado desde os anos 1990. Em novembro de 2024, a SPVS completa 40 anos de existência e atuação em favor da conservação do patrimônio natural brasileiro. Além da BAT Brasil, outras empresas de diferentes setores de atuação também apoiam a conservação dessas áreas, de diferentes formas.

As reservas da SPVS estão localizadas dentro do território da Grande Reserva Mata Atlântica, considerado o maior remanescente de Mata Atlântica do mundo, com três milhões de hectares de floresta nativa, localizado nos Estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. A área é considerada um importante patrimônio natural, cultural e histórico.

Serão, aproximadamente, 11,3 km de linhas de plantios nas áreas de enriquecimento.

Técnicas de conservação e restauração

Reginaldo Ferreira, coordenador das reservas da SPVS, conta que, do total de 50 hectares, 30 serão conservados e, em outros 20, haverá incremento no processo de restauração. Dos 20, 19,51 hectares receberão a técnica de enriquecimento vegetal, enquanto os outros 0,56 serão beneficiados com técnicas de plantio em áreas abertas.

“Serão aproximadamente 11,3 km de linhas de plantios nas áreas de enriquecimento. Com um espaçamento de cerca de três metros entre cada muda, plantaremos um total de 209 mudas por hectare, o que representa 4.187 mudas plantadas na área total a ser enriquecida. Já no caso no plantio em área aberta, serão plantadas, aproximadamente, 896 mudas. No total, portanto, a expectativa é de 5.083 mudas plantadas nas áreas da Reserva das Águas destinadas a esse processo no período de cinco anos”, explica Reginaldo.

Todas as mudas estão sendo produzidas desde janeiro de 2023 no viveiro da SPVS, com sementes coletadas nas três Reservas Naturais da SPVS, o que garante as condições genéticas qualificadas das espécies produzidas.

Muito além de reflorestar a área, o projeto visa reestabelecer a biodiversidade e trazer de volta as particularidades do bioma

Nas áreas abertas, as principais espécies trabalhadas serão o Ingá Vermelho (Inga edulis) e a Capororoca (Myrcine coreacea). A escolha pelas duas espécies está no fato de que elas são pioneiras, ou seja, têm crescimento mais rápido que as demais e se adaptam com facilidade e agilidade às características das áreas das reservas.

Já nas áreas de enriquecimento vegetal, serão outras espécies: as “secundárias tardias” da Mata Atlântica, distribuídas entre as 4.187 mudas que vêm sendo produzidas. Para essas áreas, as mudas escolhidas são de espécies que se adaptam melhor à sombra e têm crescimento mais lento, levando em consideração que os ambientes enriquecidos já têm ambientes florestais consolidados.

Atualmente, o viveiro da SPVS tem capacidade para produzir entre 120 e 160 mil mudas por ano, atingindo uma diversidade de 75 espécies florestais diferentes das secundárias tardias. “Acrescido do Ingá Vermelho e da Capororoca, estamos trabalhando com 77 diferentes espécies neste projeto”, complementa Natasha Choinski, analista de processos ambientais e coordenadora de projetos na SPVS.

Reginaldo também conta que o monitoramento de todos os trabalhos é feito por meio de um sistema de informações geográficas  SIG  avançado, que indica com riqueza de detalhes o mapeamento de todas as áreas de plantios. “O monitoramento é feito a cada seis meses após os plantios das mudas, para que tenhamos os indicadores exatos das taxas de crescimento, vitalidade ou mesmo mortalidade”, diz.

Atualmente, o viveiro da SPVS tem capacidade para produzir entre 120 e 160 mil mudas por ano
Atualmente, o viveiro da SPVS tem capacidade para produzir entre 120 e 160 mil mudas por ano

Serviços ecossistêmicos e gestão ambiental corporativa

Para Clóvis Borges, diretor-executivo da SPVS, o diálogo, iniciado há anos entre BAT e SPVS, vem proporcionando avanços na incorporação de conceitos e práticas voltadas às prioridades regionais no campo da conservação da biodiversidade.

“Este projeto, que envolve ações de proteção e de restauração em fração de áreas das Reservas Naturais da SPVS na região costeira paranaense, representa um passo a mais em busca de articulações visando à promoção de novas iniciativas com o propósito de incorporar a provisão de serviços ecossistêmicos na gestão ambiental corporativa”.

Jaime Dias, especialista em Meio Ambiente da BAT Brasil reforça que, “muito além de reflorestar a área, o projeto visa reestabelecer a biodiversidade e trazer de volta as particularidades do bioma”. “Para nós, é um projeto muito importante, porque as Reservas Naturais da SPVS têm sido, há décadas, campo de pesquisas, aulas teóricas e práticas para muitos estudantes em parcerias com universidades e institutos de pesquisa do Brasil e de outros países do mundo. Acreditamos muito na importância e na relevância dessas áreas para a conservação da natureza e para a sociedade”, conclui.

 

 

 

 

 

 

(Da Redação com Notícia Sustentável)

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