Sustentabilidade: RASTREAMENTO DE DADOS CORPORATIVOS RELACIONADOS À NATUREZA CRESCE 43%

Houve um aumento de 43% nos relatórios de biodiversidade após a adoção do Quadro Global de Biodiversidade.

O impulso dos negócios para medir os impactos da natureza e da biodiversidade está crescendo rapidamente, de acordo com novos dados do CDP divulgados nesta quarta-feira, 23 de outubro, enquanto os governos se reúnem na Colômbia para a COP16.

Para a implementação e o sucesso do Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal (GBF) definido na COP15, a divulgação é um fator fundamental, e os dados do CDP são considerados essenciais para garantir que as metas do acordo sejam alcançadas.

No ano seguinte à adoção do GBF em 2022, frequentemente chamado de Acordo de Paris para a natureza, as divulgações relacionadas à natureza feitas para o CDP cresceram de forma constante, com um aumento de 43% no número das empresas que divulgam dados sobre biodiversidade, 23% de aumento em água, e 10% de crescimento em florestas. Na América Latina, no mesmo período, o porcentual de organizações que reportam dados sobre água foi 12% maior, e 30% maior com relação a florestas.

A meta 15 do acordo global de biodiversidade pede aos governos que tornem obrigatória a divulgação corporativa, e os dados do CDP mostram que milhares de empresas já estão começando a divulgar essas informações ao mercado.

Cadeias de valor

A análise também mostra um aumento de 20% no número de empresas (cerca de 1.800) avaliando o impacto que suas cadeias de valor têm sobre a biodiversidade, demonstrando ainda mais o crescente impulso no sentido da transparência e responsabilidade.

Além da biodiversidade, a gestão da água doce também está ganhando força, com um crescimento de 24% no número de empresas avaliando suas dependências de água de 2022 a 2023. Isso contribuiu para uma redução correspondente de 22% no uso corporativo de água, mostrando que a transparência pode gerar ações tangíveis de segurança hídrica.

Lacunas apontadas

Apesar das tendências positivas na divulgação, o crescente banco de dados corporativo do CDP sobre a natureza também revela lacunas na compreensão e nas ações das empresas. Menos de 10% das empresas avaliam sua dependência em relação à biodiversidade, apesar de estimativas indicarem que a perda de biodiversidade custa entre US$ 4 e US$ 20 trilhões por ano à economia global.

Os dados do CDP também destacam uma resposta lenta na compreensão e no enfrentamento dos riscos financeiros relacionados à natureza. Embora muitas empresas já tenham identificado riscos corporativos relacionados à água e às florestas, somente cerca de metade desses riscos relatados inclui um valor de impacto financeiro.

Ausência dos bancos

Apenas uma pequena minoria de bancos e investidores afirmou financiar soluções baseadas na natureza (17%) ou atividades agrícolas sustentáveis (23%). Além disso, uma pesquisa recente do CDP e da WWF sobre os bancos sistemicamente importantes do mundo descobriu que mais da metade não envolve seus clientes em questões relacionadas à natureza.

No entanto, como sinal do crescente interesse dos investidores em financiar ações para a biodiversidade, 11 grandes investidores institucionais franceses estão lançando um novo fundo de € 100 milhões na COP16. O fundo inédito utilizará dados de biodiversidade do CDP para investir em empresas que oferecem soluções para reduzir a perda de biodiversidade, além daquelas de setores de alto impacto que apresentem sinais credíveis de transição.

Dependência da natureza

“A natureza sustenta toda a nossa economia, portanto, todas as empresas devem entender como dependem dela, quais são os riscos e agir rapidamente. Nossos dados mostram que cada vez mais empresas estão se conscientizando disso, trazendo a natureza para as salas de reuniões”, destacou Sherry Madera, CEO do CDP.

Chegar a um acordo sobre a avaliação e a divulgação obrigatórias da natureza na COP15 da CBD foi um momento histórico, mas agora vem a parte difícil. Esta é a opinião de Eva Zabey, CEO da Business For Nature. “Na COP16, precisamos ver governos e empresas acelerarem o ritmo. Os governos devem introduzir regulamentações e políticas ambiciosas que desbloqueiem a ação corporativa em prol da natureza. Para as empresas, a boa notícia é que há orientações acessíveis e simplificadas para relatar seu impacto e suas dependências relacionadas à natureza por meio do CDP, garantindo que estão contribuindo para uma economia que favorece a natureza.”

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