Caso Tatiane Spitzner: LUIS FELIPE MANVAILER, ACUSADO DE MATAR A ESPOSA, É INTERROGADO NO 6º DIA DE JULGAMENTO; VEJA O QUE ELE DISSE

Réu respondeu perguntas do juiz, da defesa e dos jurados em depoimento que durou 11 horas, entre domingo (9) e a madrugada desta segunda (10). Advogada foi encontrada morta após queda do 4º andar do apartamento em que morava com o réu, em 2018.

Chegou ao fim o sexto dia do julgamento de Luis Felipe Manvailer, acusado de matar a esposa Tatiane Spitzner, na madrugada desta segunda-feira (10). A sessão começou no domingo (9), com interrogatório de mais de 11 horas do réu. Veja abaixo os detalhes.

O interrogatório de Manvailer começou por volta das 13h50, deste domingo. O acusado se recusou a responder às perguntas do Ministério Público (MP-PR) e da assistência de acusação. Ele respondeu ao juiz, à defesa e aos jurados. O julgamento deve chegar ao fim nesta segunda.

Ao início, o juiz perguntou o nome do réu, disse que ele é acusado de dois crimes, e lembrou ele que tinha o direito ao silêncio sem que isso o prejudique, mas o lembrou que era o momento que teria para se defender.

Luis Felipe Manvailer respondeu que iria falar. O réu pediu perdão à família de Tatiane por todas as agressões, mas alegou que não a matou. “Primeiramente, antes de começar a responder, eu gostaria de primeiro pedir perdão à família da Tatiane por todas as agressões que eu cometi. Eu não matei a Tatiane, gostaria de pedir perdão pelo mesmo motivo para minha família, eles sabem que não sou assim, e à todas as mulheres do Brasil, pedir perdão por isso. Eu não matei Tatiane”, disse.

Ele começou dizendo que conheceu Tatiane no início de 2013, que a pediu em namoro em agosto do mesmo ano. Depois, em 15 de novembro, segundo ele, ficaram noivos, e no dia 3 de dezembro de 2013 se casaram.

Luis respondeu que no dia da morte de Tatiane, era aniversário dele. “Era meu aniversário. Isso. Nós fomos no Box Lounge. É um bar. Antes de prosseguir posso fazer algumas considerações?”, disse.

Em seguida, pediu que a defesa lhe entregasse um celular e pediu para disponibilizar aos jurados o celular e a senha dele. Manvailer disse que no Box Lounge estavam ele, Tatiane, amigos em comum: Bruna, Edimar, Hicham, Carol e um funcionário de Tatiane. No local, já havia amigos em comum.

“Estava a Tatiane, eu, alguns amigos em comum, preciso citar todos os nomes ou não é necessário? Lembro da Bruna, do Edmar, lembro do Richam, lembro da Carol, lembro de um funcionário da Tatiane que estava lá também. Lá já tinham alguns amigos em comum, por exemplo, estava a prima da Tatiane, um primo, alguns amigos dele que a gente havia convidado para estar no local”, afirmou.

Luis Felipe Manvailer, acusado de matar a esposa, é interrogado no 6º dia de julgamento — Foto: Reprodução/RPC

Luis Felipe Manvailer, acusado de matar a esposa, é interrogado no 6º dia de julgamento — Foto: Reprodução/RPC

O juiz perguntou se estavam bebendo, e Manvailer respondeu que sim. “Nós dois estávamos bebendo. Olha, nós bebemos gin, bebemos vodka e bebemos espumante”, disse.

O magistrado perguntou a ele se houve desentendimento entre o casal. Luis Felipe Manvailer respondeu: “Anteriormente ao bar nós já havíamos tido uma certa briga. Nós chegamos de viagem, foi tudo bem, tudo perfeito, tudo mil maravilhas, durante a viagem não tivemos briga nenhuma. Tudo muito bem. Durante a viagem eu pedi para reservar a mesa, eu não iria fazer aniversário naquele dia, mas a Tati falou pra fazer, chamar os amigos. Ela fez a reserva, nós chegamos de viagem, ela falou que queria fazer a unha, por causa do evento, tudo bem. E já sabendo da maneira dela que ela sempre se atrasava para os compromissos, sempre, e eu sempre fui muito pontual. Até meu irmão falou que já tivemos restaurante, bar, então sabemos como funciona a reserva de meses, passou um pouco de mesa perdemos a mesa. Eu falei ‘olha amor, hoje por mim é um dia normal, mas vamos sair tal horário, não se atrase, vamos perder a mesa”.

E continuou: “Eis que chegando perto do horário combinado de sair em direção ao bar, ela chegou em casa já atrasada falou que ia tomar, que ia fazer não sei o quê, e eu percebi que isso foi muito em detrimento ao que aconteceu no carro de volta entre Londrina e Guarapuava se não me engano. Que eu postei um story no Instagram convidando para minha festa de aniversário. Não lembro exatamente o que estava escrito, mas algo do tipo ‘estou comemorando meu 32º aniversário, será no Box Lounge’, que era pra prestigiar nossos amigos que são donos de lá. Não era para ninguém, óbvio que quem quisesse ir poderia ir, mas ninguém fora do nosso círculo iria”.

Manvailer disse que, desde esse momento, Tatiane começou a ficar estranha. “Nisso ela começou a reclamar, pegar no pé, encher o saco. Depois foi acalmando, tudo bem, depois foi fazer unha. Perguntou se já teve confirmação de alguma daquelas alunas, de alguém que eu queria chamar. Coloquei panos quentes, falei pra ela fazer a unha, ‘depois a gente vai”, afirmou.

DESENTENDIMENTOS NA IDA AO BAR

O juiz perguntou a ele se alguma das alunas dele já tinha confirmado presença. Luis Felipe disse que ela demorou de propósito, e eles saíram atrasados. Ele saiu antes dela para segurar a mesa, conforme o réu, mas já não havia mais mesa quando chegou.

“Antes do Box Lounge ainda teve o problema que ela ficou demorando, me pareceu ser de propósito em relação a esse story. Ela tinha muito ciúmes, tipo paranoico, patológico. Eu sempre colocando panos quentes. Parece que ela demorou de propósito, ao meu ver, a gente já saiu atrasado, eu saí antes que ela pra tentar segurar a mesa enquanto ela tomava banho e se arrumava. Eu cheguei lá no Lounge não tinha mais mesa, já tinha o troço do story, já teve uma certa briga, eu perdi a mesa. Porra, eu considerei como uma falta de respeito, falta de consideração com os convidados que já estavam lá”, disse.

O réu continuou: “Alguns já tinham adentrado o lugar, já tinham chegado, e ela não tinha a chave, tinha mais isso, ela não tinha a chave de casa porque tinha deixado com a prima pra cuidar no napoleão, nosso cachorro. Aí,ela me mandou mensagem que estava trancada em casa: ‘não consigo ir com outro carro até aí, volte me buscar, venha me buscar’. Eu falei ‘tá bom, espera aí, já perdemos a mesa’, fiquei muito bravo, tá bom, vamos relevar. Peguei ela, destranquei a porta. Nesse trajeto que peguei ela no prédio e fomos até o Box, já estava um clima ruim, como sempre estava muito bom aí agora já começou a ficar ruim”.

MENSAGENS NO CELULAR

No Box Lounge, houve mais desentendimentos, segundo Manvailer, respondendo ao juiz. “Aconteceu que a gente começou a erguer de novo, interagindo com os amigos, dando risada, começamos a beber. Como era meu aniversário eu recebia mensagem de parabéns de todo mundo que sabia que era meu aniversário, de amigo, amiga, aluna, aluno. Diga-se de passagem, nenhuma me desrespeitando, desrespeitando a Tatiane, mensagens normais que todos recebemos no nosso aniversário. Ela me olhava mexendo no celular e vinha ‘com quem você está falando? O que você está falando? Deixa eu ver o seu celular”, disse Manvailer.

O réu disse que pediu para Tatiane deixar de ser neurótica, e que ela saiu brava, bufando. Tatiane saiu de perto dele para ir beber e dançar com as amigas e, segundo ele, toda vez que ele olhava o celular, Tatiane vinha questioná-lo, perguntando se eram amantes.

“Eu dizia ‘para de ficar neurótica, fica tranquila. Você não vai ver o celular’. Estava tudo bem, a gente estava interagindo, tínhamos tirado foto. Ela saiu muito brava, saiu bufando. Foi dançar com as amigas, foi de novo melhorando, eu recebi a mensagem. Também tem outro porém, não sou muito de sair, festejar, de ir em boate, isso me cansa muito. Então muitas vezes eu pegava, tirava o celular e ficava mexendo, nesse dia em especial para ver as mensagens, conversar com meus amigos. Toda vez que eu via isso, que ela via, ela vinha do meu lado: ‘o que você está mexendo no celular? O que tanto você mexe no celular? Com quem você está conversando, aquelas vagabundas, tuas amantes?’ e novamente foi piorando a situação”, afirmou.

O juiz perguntou a que horas eles saíram de lá, e Luis Felipe respondeu que não se lembrava precisamente, mas que na saída ele ganhou um espumante com vela, cantaram parabéns. Segundo ele, em cerca de cinco ou 10 minutos, Tatiane foi embora em direção à rua, e ele foi ver o que aconteceu.

“Eu lembro dos nossos amigos que eram donos, acho que são ainda, não sei se existe, ‘olha irmão tenho presente pra você’, e trouxe a champanhe com uma vela assim faiscando. Lembro que tomamos um pouco dessa espumante, justamente para comemorar, porra, era meu aniversário, ali era o ápice, cantar parabéns. Não deu alguns minutos, sei lá cinco minutos, Tatiane saiu na frente e foi em disparada em direção à rua. Falei ‘vou lá ver o que aconteceu, vou atrás dela’. Daí eu não me recordo muito bem, ela falou que ia embora, não sei se ia embora com a Luana porque ela tava sem a chave, daí não me recordo bem. Mas assim que ela saiu eu fui atrás, também não ia deixar ela sozinha na rua”, contou.

BRIGA NO CARRO

Em seguida, Luis Felipe disse que foram para casa. “Assim ó, nós entramos no carro, já estava um clima ruim, clima péssimo, eu lembro de ter saído com o carro, contornei ali o posto, passei na frente do Box Lounge e fui em direção a casa. Eu sempre pegava o celular e colocava no meio da perna, dirigia assim. Nisso que tirei pra ver as horas Tatiane voou, ela voou pra pegar o celular. Nisso que ela voou para pegar o celular, o carro saiu do rumo. Aquilo me deixou extremante puto da vida, muito nervoso, a gente podia ter batido o carro por uma bobeira, um ciúmes que não tem explicação. Me deixou muito puto mesmo”, alegou.

Luis Felipe prosseguiu: “Nesse momento que ela foi pegar o celular eu afastei ela, daí começamos a discutir novamente. Estávamos em direção à casa, em movimento. Deu muita discussão dentro do carro, muita discussão, eu lembro que parei na frente do prédio e falei ‘ó Tatiane desce, sai daqui, eu quero esfriar a cabeça, me dá um tempo, quero dar uma volta de carro, pelo amor de Deus preciso de espaço. Desce, desce, vai pra casa vai dormir. só preciso dar volta de carro”.

Ela, segundo Manvailer, disse: “Não vou, enquanto você não mostrar o celular, você não vai, não vou sair de perto”. O réu prosseguiu: “Eu falei ‘Tatiane sai, sai’, eu abri a porta e falei pelo amor de Deus sai daqui, me deixa sozinho’. ‘Não vou sair, você vai me trair, essas vagabundas’ e fechou a porta do carro. Eu falei ‘sai, sai, vai embora, me deixa sozinho’. Nessa hora já tinha extrapolado a minha calma, minha conduta normal”.

“Cheguei, peguei ela pelo pescoço e falei ‘sai daqui, sai daqui. Lembro que novamente abri a porta do carro, ela fechou de novo. Daí a gente sai dali”, contou.

CENAS DA GARAGEM DO PRÉDIO

O acusado continuou: “Olha, da mesma forma, eu entrei na garagem, parei do lado do elevador e falei Tatiane vai pra casa pelo amor de Deus Tatiane, vai pra casa’. ‘Não não vou, você não vai sair de perto de mim, e essas vagabundas, essas prostitutas ,essa piranhas’. Eu disse ‘pelo amor de Deus saia do carro, eu preciso ficar sozinho, sai de perto de mim. Suba’. Lembro que ela não desceu. Tive que tirar ela do carro, eu não lembro direito, eu entrei no carro e pensei ‘puta, agora ela me deixou em paz’, e fui em direção ao portão para sair, pensei ‘que bom, agora vou fazer o que finalmente preciso que é um espaço”.

Manvailer disse que foi até o portão e que Tatiane correu atrás dele: “Porra, puta que pariu. Ela tentou abrir a porta, tentou me tirar, e eu falando ‘vai embora sai daqui, me deixa aqui’, ela insistindo que não ia deixar por causa do celular, que queria ver o celular. Lembro que uma hora fui fechar a porta, ela se enfiou no meio, ela não queria me deixar ir embora, não sei se empurrei ela o que aconteceu, consegui fechar a porta. Daí eu lembro que depois fui estacionar”.

Luis Felipe disse que não lembra exatamente, mas que foi em direção a ela e mandou ela embora, mas que ela se jogou no chão e tentou puxá-lo. O juiz perguntou por que ele não saiu nesse momento, e ele respondeu que achou que ela iria conseguir mais uma vez “o que ela queria”.

“Por que eu não saí? Porque mais uma vez ela tinha conseguido o que ela queria, tinha feito a chantagem, eu tentei sair, tinha passado da porta da garagem para ela subir na porta do prédio, pedi para ela sair, mandei ela sair, cheguei a agredir, ela peguei no pescoço, ‘sai sai sai’, não foi embora, estacionei do lado do elevador, ‘ vai embora’, não consegui. Fui pra rampa do prédio, não consegui”, disse.

O juiz perguntou o que aconteceu depois, quando ele não conseguiu sair e voltou para estacionar o carro. Segundo o magistrado, pelas imagens não é possível verificar o que aconteceu com ela entre esses momentos, quando ela parece estar caída.

“Eu lembro que ela estava escondida eu acho, ela estava escondida, começou correr, e eu estava em direção ao elevador acho, se não me engano. Ela estava no chão. Olha, se não me engano, eu encosto assim, ‘levanta’, imagina que eu ia dar um chute nela”, disse.

O juiz perguntou se Manvailer chutou Tatiane, se ela levantou sozinha, e o que aconteceu após isso. Manvailer disse que foi atrás dela, e que ela fugiu. Disse que tentou ir embora várias vezes e ela não deixou, e que nesse momento, em que ele queria subir, ela não queria.

“Se jogou no chão, a hora que a gente tá subindo, aí ‘porra, você não quer subir?’. Aí fui atrás dela e falei, ‘porra, agora vamos subir, conseguiu o que você queria’. Daí eu vou atrás dela, ali eu já estava bem assim, uma atitude bem fora do meu comum, muito fora do meu comum, bem irritado, muito irritado. Aconteceram todas aquelas brigas no elevador, peguei ela pelo pescoço, ela tentou ir embora acho que no térreo, falei ‘não agora você volta aqui, nós dois vamos lá pra cima. Você não queria isso? Agora vamos pra cima’. Lembro que se batia, aí eu segurava ela”, disse.

O juiz perguntou o que ela falava, se ela dizia que não queria subir, se eles chegaram a discutir. O réu respondeu que “eu não me recordo exatamente, mas ela fez menção que sairia e começou a sair. ‘Agora que você queria, agora você conseguiu o que queria, agora nós dois vamos até nosso apartamento’, mas não lembro exatamente as palavras”.

A cena anterior, segundo Manvailer, aconteceu no térreo. O magistrado perguntou se Tatiane apertou o botão de algum andar. O réu disse se lembrar de abrir a porta com ela do lado. Segundo ele, a noite já tinha acabado há muito tempo, os dois fora de qualquer padrão normal deles.

NO APARTAMENTO

Segundo Luis Felipe, logo que ele abriu a porta, ela foi “esperneando” para dentro. Tatiane insistia em ver o celular, e ele dizia que não. Manvailer disse que bateu a porta do apartamento, não trancou.

Ele disse que pedia para ficar sozinho, e Tatiane continuava pedindo o celular. Depois de um tempo, de acordo com Manvailer, foi para a sacada e ouviu ela chorando, falando das “vagabundas”. Chorava fazendo escândalo, segundo ele.

O acusado afirmou ter ido atras dela para falar para ir para dentro do apartamento. Segundo Luis Felipe, ele não tinha visto, mas foi nesse momento que o vizinho da frente viu Tatiane montada a cavalo na sacada.

“Depois de um tempo ela foi pra sacada, eu sentei ali no sofá, eu vi ela se esgoelando e chorando e fazendo escândalo e chorando ‘ah essas vagabundas’, ‘ah, que não vai dar certo’ e começou a chorar fazendo escândalo, já estava completamente já fora também. Nisso fui atrás dela, falei ‘Tatiane, vamos pra dentro’. Na época que aconteceu isso, eu não vi, esse foi o momento que o depoente lá que estava na casa da frente viu ela a cavalo, porque não tinha como ter visto. Eu simplesmente não vi”, disse.

O réu contou que puxou ela do parapeito, que os dois se “embolaram no chão”, ele entrou e foi tomar água para se acalmar. Tatiane, segundo o marido, voltou atrás dele insistindo pelo celular, e isso o deixou muito bravo, com tudo o que estava acontecendo.

Manvailer continuou: “Ela começou a chorar chorar, eu puxei ela, ela estava ali dentro, puxei assim, a gente tropeçou e caiu. Já estava puto, caí fiquei mais puto da vida. Saí na frente e ela veia atrás e eu fui tomar água, estava morrendo de sede, estava puto, querendo ficar sozinho, não conseguia ficar sozinho. Fui pegar água, peguei o copo peguei para pegar o filtro”.

Manvailer disse que ficou ainda mais bravo por não ter conseguido tomar a água: “Passei por ela, já estava clima horrível, discussão, já tinha tido agressão. Eu passei por ela, nisso, ela pegou, discutimos mais ali um tanto, ela pegou e foi pra sacada e de novo começou a chorar, fazendo escândalo, chorando, eu puto da vida. Depois, eu fui atrás dela. Na hora que eu pensei em ir atrás dela, ela entrou, foi em direção à porta, ela foi em direção à porta. É, assim ó, para mim é difícil falar a partir desses momentos, tá. Teve alguns momentos antes que eu tentei ir pro quarto, ela se atravessou, falou ‘não, você não vai pro quarto de jeito nenhum, não vai, não vai’.

“Falou ‘quero ver teu celular’, eu falei ‘Tatiane chega, o que tanto você quer ver no meu celular? Chega, chega dessa história, acabou, me deixa em paz, pelo amor de Deus. Você quer ver? Então beleza’. Tirei o celular, ‘você quer ver o quê, então aqui ó, deletei o Instagram. Quer ver o quê mais?’ Deletei. Nisso, ela ficou puta da vida, ficou possessa, ficou alucinada. Ela jogou, arremessou o celular no chão. Estraçalhou o celular. Abaixei pra pegar, falei ‘parabéns’. Nisso, ela foi para cima de mim, atacando ‘essas vagabundas, essas putas’, e foi me batendo”, disse.

Luis Felipe disse que conteve Tatiane e colocou-a no sofá, mas que ela tentou bater nele: “Falei ‘pára com essa porra Tatiane, me deixa em paz’, segurando o braço dela. Ela gritou ‘socorro, socorro’. Falei ‘que porra é essa’, ergueu os dois braços pra trás, simplesmente não estava entendo mais nada, a briga já estava escalando, já estava muito intensa”

SACADA

O acusado disse que se afastou e que Tatiane foi para a sacada. Ele contou que, então, conseguiu tomar água. “Voltei, coloquei a mão na cabeça. Fiquei pensando ‘porra, que relacionamento é esse? Ela consegue tudo na chantagem. Destruiu o celular que ela queria’.E ela chorando na sacada, daí que ela voltou e foi em direção à porta. Eu me coloquei entre ela e a porta, fui atrás dela, falei ‘você não vai sair de jeito nenhum, esqueça, vai embora, vai dormir, porra, para de encher meu saco, vai embora’, afirmou.

Tatiane, segundo Manvailer, respondeu: ‘Eu quero ver teu celular”. Ele continuou: “Eu peguei o celular e falei ‘você não vai ver meu celular’, coloquei no bolso. Nesse momento, ela se virou, saiu brava, saiu marchando, e naquele momento eu achava que ela ia pro quarto, ia trocar de roupa, sei lá, ia se virar, ia dormir. Nisso, fico ali, dou um tempo, olho pra porta, vou trancar a porta. Antes de trancar a porta, lembro de ter olhado pra ela, e elá estava marchando em direção à sacada, andando rápido, e eu penso ‘porra ainda quer encher mais o saco, vai fazer mais chantagem’. Fui trancar a porta, tranquei a porta, na hora que eu viro, eu viro e vejo: ela estava com uma perna passando, ela estava transpondo a sacada”.

‘OUVI ELA CAINDO’

Em seguida, o juiz perguntou o que houve na sequência, e Manvailer disse que deixou a chave no aparador e correu atrás da esposa dizendo “Tatiane, não”. “Fui para cima. Em nenhum momento queria, a briga sofreu uma escalada enorme, uma coisa assim impossível de ser imaginada. Eu saí atrás dela pra pegar ela de lá, puxar para dentro, e indo em direção, indo em direção. Eu olho para baixo para não bater nos móveis, olho para frente, só vejo as mãos dela assim, no parapeito ali, no corrimão. Naquele momento, já estava tudo transtornado, o tempo parava, estava indo em direção a ela. Quando estava chegando perto da sacada, eu vi que a mão dela não estava ali, eu ouvi ela caindo, ouvi o grito dela”, disse.

Advogada Tatiane Spitzner e Luis Felipe Manvailer — Foto: Reprodução: Facebook e RPC

Advogada Tatiane Spitzner e Luis Felipe Manvailer — Foto: Reprodução: Facebook e RPC

O acusado disse que ao chegar ao corrimão, viu o corpo de Tatiane no chão, e afirmou: “Olhei pra baixo, vi a Tatiane morta ali. Vi a Tatiane morta, estatelada no chão, porra, a mulher que eu amava, apesar dos inúmeros altos e baixos. Lembro que, na hora que olhei para baixo, ainda vi um movimento, vi algum movimento assim, fiquei parado, olhando por uns dois, três segundos, e eu pensei ‘nossa, a Tatiane está morta, ela está morta, a Tatiane morreu”.

Segundo Manvailer, ele ficou olhando para baixo, para ver se Tatiane se mexia, mas ela não se mexeu. Ele, então, pegou o elevador, indo de encontro ao corpo dela. “Nada mais fazia sentido, tudo já estava completamente virado desde o momento que apaguei, ali já tinha brigado, agressão, apaguei o celular, ela ficou possuída, louca da vida. Eu fiquei puto, pedi pelo amor de Deus para parar, me deixar em paz. Desde aquele momento, só foi piorando piorando até que eu vi ela caindo, eu vi ela estava com a mão, ela não estava mais, estava lá embaixo, eu em desespero, muito desesperado. Fui em direção a ela, porra Tatiane, a mulher que eu amo, e já estava chorando muito, falava ‘Tatiane acorda, meu amor acorda, Tatiane porque você fez isso? Acorda’, e chacoalhava ela”, afirmou.

Luis Felipe disse que, nesse momento, não conseguia raciocinar e teve o impulso de pegar Tatiane e levar ela para cima: “Larguei ela ali perto da porta, falava ‘meu Deus do céu, Tatiane, Tatiane, meu amor está morta. Olhava aquela imagem, ficava na minha cabeça”.

CENAS APÓS A QUEDA

O juiz destacou que, neste momento, chegou Antonio Marcos, vizinho da frente. O magistrado perguntou o que Manvailer lembra disso. “Olha excelência, não sei precisar porque na hora estava tudo tão transtornado, eu estava completamente transtornado. Mal lembro de tê-lo visto”, respondeu o réu.

O juiz disse que Antonio Marcos relatou que, quando viu Tatiane “à cavalo” na sacada, viu o casal entrando, caindo no chão, e que depois de algum tempo, viu Luis Felipe sozinho na sacada. “Não me recordo, provavelmente fui tomar um ar ali, fui, sabe, respirar, estava muito nervoso, mas não me recordo desse momento”, respondeu o acusado.

O vizinho também relatou em depoimento que disse a Manvailer para que não mexesse no corpo da vítima, e que Luis Felipe respondeu que ela já estava morta. Sobre isso, o acusado disse: “Na hora não lembro, simplesmente não lembro, completamente na emoção, no impulso, não me recordo de qualquer palavra que ele tenha falado. Mas é possível que eu tenha falado que ela já estava morta, porque a hora que eu vi ela transpondo ali, vi ela caindo, caindo do quarto andar”.

Ao ser perguntado pelo juiz sobre a razão de ter pegado o corpo da esposa e levado para dentro do prédio, o acusado respondeu: “Como eu disse, excelência, hoje, friamente olhando, analisando à luz da razão, não tinha porquê. Mas, no momento, foi o impulso que tive, foi o momento. Peguei, peguei ela para levar para cima, para levar pra nossa casa. Não teve um raciocínio, foi no impulso”.

O magistrado perguntou, então, o que aconteceu em seguida. Manvailer respondeu: “Depois, lá em cima, lembro de ter visto sangue, nunca tive problema com sangue por causa dos esportes que praticava, mas o sangue dela me incomodava muito, porque era o sangue do meu amor, que eu queria viver pra sempre junto. Mas era o sangue da calçada, era o sangue dela morta”.

O acusado continuou: “Lembro mais ou menos que eu entrei, deixei ela lá, andava pra lá e pra cá, daí eu vi minha mão suja de sangue, daí quando eu vi que estava com o braço cheio de sangue, mancha de sangue de tê-la carregado, estava completamente apavorado, completamente desnorteado. A essa altura do campeonato, estava completamente fora de mim. Lembro que tirei a camiseta, acho que fui até o banheiro pra me livrar do sangue, tirei a camisa que eu estava, não lembro direito, peguei outra camiseta, voltei pra sala. Vinha aquela imagem, parecia que fazia um zoom: ‘a Tatiane, meu Deus do céu, ela está ali, a Tatiane’.

FUGA E ACIDENTE

O réu disse que não se lembra de ter visto que, quando ele saiu do prédio com o carro, já havia viaturas da Polícia Militar no local: “Quando eu vi, já estava dentro do carro, correndo, correndo desnorteado, sem saber para onde ir, dentro da cidade, não lembro de nada, se passei sinal vermelho, sinal verde, saí correndo, correndo, correndo”.

Em seguida, o acusado disse que dirigiu o carro sem destino. “Quando vejo, estou numa estrada, num lugar escuro, que eu não conheço, se pedissem. A Tatiane, quando a gente ia pra Curitiba, ela falava ‘ah amor, vamos’, ela falava ‘vai dirigindo, pega a saída da cidade’, eu não sabia, tinha que perguntar pra ela. Não sabia pegar a saída da cidade. Eu estava andando, andando, vagando, dirigindo com a cabeça em ‘looping’, só vendo as imagens da Tatiane”, afirmou.

Ele disse que bateu o carro ao tentar ultrapassar uma carreta. “Lembro que, no caminho, ultrapassava carro, carreta, ‘será que não é o momento de eu errar sem querer ali, dar um fim nisso tudo’. Ultrapassei uma carreta, eu lembro, me perdi, bati numa placa, no meio assim, em uma placa desses canteiros centrais, que dividem os dois sentidos. Bati ali, e eu lembro que perdi os sentidos, não sei por quanto tempo, simplesmente não sei por quanto tempo”, contou.

Após o acidente, Luis Felipe disse que começou a se apalpar e que uma pessoa apareceu para ajudá-lo, mas afirmou não lembrar o que disse para essa pessoa. Manvailer contou ter vagado andando pela rodovia em seguida.

“Provavelmente eu parei em algum pedágio, não me recordo, não me recordo. O que eu lembro é que quando eu estava andando pela rodovia, estava vagando, lembro de estar sentido muito frio, muito muito frio mesmo”. Ele foi preso tempos depois de bater o carro, na região da fronteira de Foz do Iguaçu com o Paraguai. O juiz perguntou se Luis Felipe pretendia fugir.

“De jeito nenhum, não conheço ninguém em Foz, em Cascavel, não tinha dinheiro suficiente para fugir pro Paraguai, nem conheço ninguém no Paraguai, nem sei se tinha documento no ocorrido”, respondeu. O magistrado destacou que constam lesões no pescoço de Tatiane, e que peritos afirmaram serem de marcas de unha, e perguntou se o acusado sabia como surgiram, se ele agrediu a vítima.

Manvailer respondeu: “Dentro do carro, eu lembro que peguei ela pelo pescoço, acho que algum momento saindo do carro, não me recordo perfeitamente, mas saindo do carro, na hora que eu puxo ela para sair do carro, ela se levanta, lembro de ter pego ela pelo pescoço assim e dito ‘me deixa em paz’. No elevador, talvez tenha pego no pescoço dela”.

O juiz perguntou como foi o momento apontado como uma tentativa de suicídio do acusado, após ser preso. “Eu fui muito indagado, acho que pela mídia, acho que ouvi in loco lá, eu vi um dos nossos amigos em comum, que era pelo menos na época, oficial de justiça, e justamente atrás da minha cela, ele falando ‘ele tem capacidade biológica, mentira que ele estava tentado se suicidar’. Minha intenção era dar um ponto final naquilo que eu tava sentindo, a perda que eu estava sentindo, o sofrimento”, respondeu.

RELACIONAMENTO COM TATIANE

Manvailer respondeu ao juiz que o relacionamento com Tatiane teve muitos altos e baixos, que “era uma montanha russa”. O acusado relembrou uma viagem que o casal fez, com a família dela. Segundo ele, com o relacionamento com a família dela, estava tudo bem. “Dava atenção para ela, para a família, estava tudo bem. Muitas vezes, o pai dela falava ‘deixa essas mulheres tirando foto aí, deixa elas pra cá, e os homens ficam pra cá. Deixa elas fazendo direct, fazendo vídeo’. Ficava lá com eles tomando cerveja, tentava dividir a atenção. Foram, acho que sete dias excelentes, perfeitos, sem briga alguma, sem discussão”.

No retorno da viagem, de acordo com Manvailer, o casal se desentendeu por causa de uma mensagem que ele recebeu. “Na volta, por conta de um direct que ela interpretou de maneira completamente errada, assim como sempre, estava tudo ótimo, viu o Instagram, ficou péssimo. Foi horrível. Nosso relacionamento estava bom, só que do nada, depois de uma coisa tão boba, simplesmente resultou numa tragédia que eu perdi a mulher que eu amava, perdi a Tatiane, ela perdeu a vida. A família dela perdeu a Tatiane, a minha família perdeu a Tatiane”, disse.

Juiz perguntou se eles brigavam com frequência, se cogitavam se separar. O réu disse que sim, brigavam, mas nunca com vias de fato. Ela, segundo Luis Felipe, sempre propôs que ele tinha caso com alguém.

Manvailer disse que, com todas as mulheres com quem ele trabalhou, com menos de 50 anos, ela implicou. “Tanto é que teve episódio, assim, foi o primeiro muito marcante mesmo em que ela chegou a se mutilar, chegou ao nível de se mutilar por causa de ciúmes, por causa de uma paranoia dela. Isso se não me engano foi em 2014, estávamos na Alemanha. Até não sei se podemos passar imagem”, disse.

O magistrado destacou que há um laudo de um Macbook apreendido, com buscas e histórico de navegação: “5 sinais de que seu marido não te ama mais” e outras buscas. Juiz perguntou se eles chegaram a discutir sobre isso. Manvailer respondeu que já tinha levantado possibilidade de separação por causa de ciúmes.

Em seguida, o juiz perguntou como Luis Felipe tratava Tatiane, destacando que havia buscas como grosseria, terror psicológico, no computador. O réu respondeu que tratava a esposa com muito carinho.

Um dos advogados de defesa do acusado perguntou a ele: “A desconfiança da Tatiane de que haveria algo no celular é infundada? Não existia? Porque me ocorre assim, porque então você não cedeu seu celular pra ela, se não tinha nada de errado? Ela tinha valores? Você amava essa mulher?”.

Manvailer respondeu: “Não existia. Como já foi demonstrado aqui um pouco do perfil psicológico, lógico que não era sempre assim. Ela era entupida de valores, cheia de valores. Amava muito a Tatiane, era a mulher da minha vida. Eu perdi a mulher da minha vida. Com todos seus erros, seus charmes, suas manhas. Eu a amo ainda”. A família de Tatiane se manifestou quando Manvailer respondeu que a amava. O juiz teve que intervir.

DEPRESSÃO

Após pergunta do juiz, o acusado disse que Tatiane tinha depressão. “Ela tomava um medicamento, antidepressivo. Assim ó, se eu não me engano, mais ou menos bem por cima, no começo de 2018, vamos por assim lá por março de 2018, vamos começar no final de 2017, em dezembro de 2017, quando fomos até Curitiba pra ela investigar um possível cisto no útero. Até minha mãe foi junto, eu lembro que nunca tinha ido em nenhum relacionamento anterior numa consulta com ginecologista. Eu perguntava ‘amor você quer que eu vá junto não quer?”, disse ele.

Segundo Manvailer, na consulta, a esposa recebeu resultados de exames que apontaram “uma gravidez não sucedida”. O réu disse que “até então, ela não queria de jeito nenhum ter filho, postergava, mostrava até certa imaturidade quanto a isso, algumas constatações dela ela falava que amava muito os animais, tínhamos um cachorrinho. Vamos criar nosso filho como criamos o Napoleão, vou colocar um negócio do lado do Napoleão pro nosso filho fazer isso”.

Luis Felipe disse que a postura da esposa era motivo de divergência entre os dois, mas que o episódio mudou completamente o ponto de vista sobre isso, que Tatiane ficou muito abatida.

“Às vezes me perguntava ‘amor será que é minha culpa, o que aconteceu, será que eu matei’. Aí eu falava ‘calma amor, não matou’. Formulava uma hipótese biológica para acalmá-la. Depois disso, ela começou a querer ter filho, começou a ter visão diferente de vida. Nesse período, ela já estava muito triste em relação ao trabalho dela, ao relacionamento com o pai dela de maneira profissional, algumas coisas normais que, em divergência da parte emocional de conduta familiar, mas muito na parte profissional. Isso chateava muito ela, quando a gente começou a brigar, ela já estava ficando muito pra baixo”, disse.

O magistrado questionou se Tatiane tratava a depressão com algum médico, e Manvailer disse que sim, com Rodrigo Crema, mas não exclusivamente com ele. O réu afirmou que que quando a realidade não correspondia à expectativa dela, ela tinha esse “baque”.

“Queria viajar, não era ir pra Guaratuba, BC, queria ir pra Cancun, Estados Unidos, e a gente não tinha dinheiro. Isso sempre foi colocando ela pra baixo. Até que certo momento ela me relatou que tinha ido até o último andar, pegou o elevador foi até o último andar, ia pegar as escadas, aí caiu em si e voltou. Ela disse que foi pro último andar pra subir as escadas, pra subir no terraço, pra pular lá de cima. Me assustou muito, conversei com jeito e perguntei o que estava acontecendo”, disse Manvailer.

MENSAGENS E POSTAGENS NAS REDES SOCIAIS

Após ser interrogado pelo juiz, Manvailer respondeu às perguntas dos advogados dele, que mostraram mensagens de Tatiane. Uma delas, de agosto de 2014, falando: “Quem é essa com cara de vagabunda, que comentou com risinho teu Facebook?”. O advogado Bretas pergunta se Manvailer lembra desse episódio.

“Lembro sim. Isso era bem recorrente, ela sempre, inclusive não só no começo mas até muito tempo depois, ela sempre investigava muito minhas redes sociais. Ficava ligada em quem curtia, quem comentava, quem interagia. Sempre controlando”, disse ele.

A defesa apontou outras conversas em mensagens e perguntou sobre a vida financeira do casal na Alemanha, onde moraram no período em que Manvailer cursava doutorado. Na mensagem apontada pela defesa, Tatiane diz ao pai que eles passavam fome e pergunta como estão as finanças da família.

“Não passávamos necessidade, não passava fome. Até no começo, porque eu sabia que precisava de uma certa flexibilidade, eu gastava mais, as economias que tinha em reserva para dar conforto para ela. Mas de forma alguma ficamos sem dinheiro, passamos necessidade, nossa, nunca”, relatou o réu.

Advogado mostrou outra mensagem, de outubro de 2014. É uma troca de mensagens com Jorge, o pai dela: “queria que estivesse aqui, estou tão triste, preciso de um abraço de pai”. Jorge diz, no texto, para ela se considerar abraçada. Bretas perguntou se Jorge fazia as vontades de Tatiane.

“Fazia, sempre fazia as vontades dela. Sempre foram muito ligados. Paizão. O pai dela, pelo menos à época, até onde sei tinha um avião particular em sociedade com outras pessoas”, disse o acusado.

POSTAGENS

Outro advogado de Manvailer, Claudio Dalledone mostrou uma postagem de Manvailer que diz: “Vontade de matar um hoje. PQP” e pediu para o réu comentar. “É, assim não tenho exatamente em mente qual era o evento, o que me deixou de mau humor aquele dia. Só que pô, você falar que está com vontade de matar um é uma expressão, pelo amor de Deus”, afirmou Luis Felipe.

O advogado perguntou se Luis Felipe estava com Tatiane na época das postagens. O réu disse que sim. A defesa mostrou uma postagem de redes sociais que falava que foi preciso de “três gordinhos” para tirar Manvailer de um bar. Luis Felipe disse que o incidente aconteceu antes do relacionamento com Tatiane, por causa de um mal entendido em que uma amiga jogou água em outras pessoas no bar e, segundo Luis Felipe, os seguranças do local acharam que ele tinha jogado a bebida.

Dalledone leu outra postagem de Manvailer nas redes sociais com a seguinte afirmação: “Se você acredita que ninguém te quer porque você é independente, não é isso, é porque você é chata”. Perguntou ao réu se ele escreveu isso ou reproduziu, e se aquilo deve ser interpretado como uma livre expressão do que ele pensa. O réu disse que sim e que apenas reproduziu a mensagem.

APELIDOS PEJORATIVOS

O advogado afirmou que Manvailer foi acusado de tratar mal Tatiane, de impor a ela um tratamento pejorativo, de diminuição da condição feminina. “É ela mesma se apelidava ou se chamava como os amigos dela aqui de Guarapuava a chamavam sabe. Eu fui acusado de muitas coisas das quais eu não cometi. Por exemplo, eu não matei a Tatiane, eu não asfixiei a Tatiane, não joguei o corpo dela. Não sou abusador de mulher. Nunca maltratei. Ela tinha do bom e do melhor, no máximo que eu podia oferecer pra ela. Uma das coisas que foi tirada de contexto de forma ridícula foi essa questão da ‘Bosta Albina’. A Tatiane era bastante alva, tinha a pele branquinha sempre, ela tirava sarro disso, que era transparente, os amigos falavam”, disse o réu.

A defesa de Manvailer destacou que o réu foi acusado de ser molestador sexual de Tatiane, e ele negou agir desta forma com a esposa. “De modo algum. Assim, posso complementar quanto a isso? Porque é o seguinte, doutor Dalledone, como tudo que veio da acusação, eles não tinham, não sabiam do que acusar. Porque, veja bem, a Bruna falou que abusava ou ela saía machucada, não sei qual foi o outro relato agora, foi falado que não tinha sexo. Ou foi abusado ou não tinha sexo. Conversa de WhatsApp, imagina”, disse Luis Felipe.

(Da Redação com Portal G1)

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