Beneficiado pelas brigas internas que enfraquecem as hostes oposicionistas, sejam elas de direita, esquerda ou centro, Jair Bolsonaro segue surfando na liderança das pesquisas e mantém o favoritismo para conquistar o segundo mandato em 2022.
Isso não quer dizer que a disputa será fácil.
Eleições muitas vezes se tornam caixinhas de surpresa.
Foi uma delas, por sinal, que o colocou no Palácio do Planalto em 2018.
Mas nenhum dos possíveis rivais já conhecidos que pretendem confrontá-lo nas urnas oferece maior perigo para a sua reeleição do que o inimigo invisível que o persegue há um ano e com o qual ele briga diariamente: a Covid-19.
Sempre rejeitando as principais recomendações da ciência, a maneira como Bolsonaro vem lidando com a pandemia, desestimulando a vacinação, desprezando o uso da máscara e promovendo aglomerações, será determinante para o seu futuro político.
O presidente decidiu fazer uma aposta arriscada, sem meios termos.
Se ficar provado, ao longo do tempo, que a sua conduta não agravou a disseminação da doença, ele sai bem.
Do contrário, pode perder uma batalha que tinha tudo para vencer.
E derrotado por um vírus.
GOLPE DE MISERICÓRDIA
Uma nota publicada na coluna Radar da última edição da revista Veja traça o roteiro do grande complô que se arma no Supremo Tribunal Federal para consagrar de vez a impunidade dos bandidos ricos e poderosos no Brasil.
Com o título “Virada de jogo”, o texto relata que “a ala da Lava Jato no STF já vislumbrou toda a queda da operação na Corte. Os atos de Sergio Moro no tríplex serão anulados e Lula usará a decisão para pedir revisão criminal também no caso do sítio de Atibaia”.
Não é mais nenhum segredo, aliás, que os ministros envolvidos na trama, liderados por Gilmar Mendes, vão utilizar na justificativa de seus votos os conteúdos das mensagens roubadas pelos hackers que invadiram os telefones celulares do ex-juiz e dos procuradores que desvendaram o colossal esquema de corrupção montado nos governos do PT para assaltar a Petrobras.
O pior de tudo é que, inegavelmente, existe ali material suficiente para, no mínimo, criar enormes constrangimentos para os integrantes da força-tarefa com a revelação de conversas e condutas bastante questionáveis, do ponto de vista das boas práticas jurídicas, que permearam o curso das investigações.
Antevendo o que está por vir, o presidente do STF, Luiz Fux, um dos maiores defensores da operação, ameniza o problema afirmando não acreditar que o Judiciário vá invalidar todos os procedimentos, sobretudo os que foram baseados em “provas fartas”.
Diz ainda que se a Lava Jato for anulada “o Judiciário terá de contratar um contador para devolver dinheiro para os corruptos e corruptores”.
Considerando certos colegas que o ministro tem na Corte, eu não ficaria tão confiante de que o desastre anunciado não possa chegar a tal ponto.
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