Ninguém fala abertamente sobre essas coisas, é claro, mas comenta-se nos altos círculos do poder que o Centrão, como é conhecido o célebre conglomerado suprapartidário de deputados e senadores que controla a maioria das votações no Congresso Nacional, teria negociado (entenda como quiser) o comando de quatro ministérios em troca do apoio a Bolsonaro.
Considerando-se que seja verdadeiro, o acordo foi parcialmente cumprido com a recente entrega da Secretaria de Governo à deputada Flávia Arruda, indicada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, um dos líderes do consórcio.
A confraria, que reúne exímios profissionais da política, não prega prego sem estopa.
Trata-se da estratégica função com gabinete no Palácio do Planalto encarregada de liberar as bilionárias verbas das famosas emendas parlamentares, que, logicamente, também estão incluídas no acerto.
Mas essa é só a parte nova do oportuno casamento de interesses que escancarou as portas do governo para a entrada da turma, já que desde o início do ano passado dezenas de indicados do grupo passaram a ocupar cargos que dominam gordos orçamentos no segundo e terceiro escalões da República.
Em que pese tudo isso, não existe nenhuma garantia de que esse pessoal devotará fidelidade canina a Bolsonaro em qualquer circunstância, como, por exemplo, no caso de ocorrer uma crise que resulte em forte perda de popularidade do presidente.
Como todo mundo sabe, o Centrão participa do velório, até vai no enterro e chora, mas não entra junto na cova.
A Dilma que o diga.