Pandemia: BRASIL NÃO TEM VACINA SUFICIENTE PARA A 1ª FASE DA IMUNIZAÇÃO CONTRA A COVID-19

Governo admite que ataques à China travam chegada de insumos para vacina.

Mesmo com a aprovação da Anvisa para o uso emergencial e a distribuição da CoronaVac em todo o país, o Brasil ainda está longe do número de vacinas necessárias para realizar a primeira fase da imunização contra a Covid-19. Até o momento, há apenas 10,8 milhões de doses da vacina em território nacional, mas o país conta com cerca de 14,8 milhões de pessoas no grupo prioritário, sendo que a imunização só é alcançada após a aplicação de duas doses da vacina. Ou seja, são necessárias 29,6 milhões de doses na primeira fase.

Bolsonato & Xi – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu uma chamada telefônica com o líder chinês Xi Jinping para fazer um apelo pela liberação de insumos para a fabricação de vacinas contra a Covid-19. De acordo com interlocutores que acompanham as negociações, o presidente orientou que o Itamaraty fizesse os trâmites para solicitar a conversa com as autoridades em Pequim.

O Palácio do Planalto está apreensivo com os atrasos na liberação de matéria prima para a fabricação de insumos para vacinas contra o coronavírus, que podem atrasar ainda mais o cronograma de imunização. O tema é hoje um dos principais focos de preocupação no Planalto e a avaliação é que era preciso tentar um contato de alto nível. Pessoas que acompanham o tema disseram que ainda não é possível dizer se o telefonema será realizado.

A tentativa da chamada ocorre também diante da análise de que a interlocução do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) está desgastada com a embaixada da China em Brasília devido aos posicionamentos adotados pelo chanceler.

Embora tenha começado a campanha de imunização com a Coronavac —desenvolvida por uma farmacêutica chinesa em parceria com o Instituto Butantan—​, o Brasil corre o risco de ficar sem matéria prima para a produção das doses necessárias para os próximos meses.

Os insumos são produzidos na China e as dificuldades encontradas também ameaçam a Oxford/AstraZeneca, vacina que no Brasil deve ser fabricada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). O tema tem mobilizado auxiliares de Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adversário do Planalto que tem sido protagonista no esforço de imunização.

Pressionado pelas críticas pela ameaça de atraso no cronograma, o governo mobilizou três ministros para conversar com o embaixador chinês. Participaram da conferência telefônica nesta quarta os ministros Eduardo Pazuello (Saúde), Tereza Cristina (Agricultura) e Fábio Faria (Comunicações).

Ataques à China travam chegada de insumos para vacina

Analistas indicam que a as recorrentes ofensas contra a China disparadas pelo presidente brasileiro e por seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro PSL (foto ao lado), podem estar criando problemas nas conversas diplomáticas para desobstruir as negociações.

Integrantes do alto escalão do governo Jair Bolsonaro admitem que a relação conturbada do país com a China tem travado a importação de insumos para a produção das vacinas contra a Covid-19 no Brasil. O assunto foi um dos temas da reunião do presidente com ministros no Palácio do Planalto na tarde desta segunda-feira (18).

O temor do Instituto Butantan, responsável pela produção da vacina chinesa em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e também de integrantes do governo de São Paulo é o de que o impasse diplomático impeça a chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), o princípio ativo da Coronavac. 

Esse também é o temor de integrantes dos ministérios da Saúde e da Economia, que acompanham as negociações da Fiocruz com os chineses para compra do IFA para produção da vacina de Oxford/Astrazeneca no Brasil. 

(Por Gustavo R. G. Lima, da Redação, com CNN e Folhapress)

 

 

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