Violência: 20 SÃO MORTOS APÓS ASSASSINATO DE UMA POLICIAL MILITAR QUE ESTAVA NO PROGRAMA DE PROTEÇÃO A TESTEMUNHA

Uma série de execuções foi desencadeada após o assassinato de uma policial militar no domingo, 29, na região da grande Belém (PA). Informações da Polícia Civil e do Instituto Médico Legal (IML) dão conta de que 20 pessoas foram assassinadas em pouco de mais de 24 horas até o início da noite desta segunda-feira, 30. Entre os casos há uma chacina com três mortos, um deles um adolescente de 13 anos.

A cabo Maria de Fátima Santos, de 49 anos, foi executada com três tiros em sua casa na tarde de domingo. Segundo a polícia, um grupo armado com ao menos quatro bandidos invadiu a residência da PM, que estava na corporação havia 21 anos, e efetuou vários disparos. A perícia apontou que Maria morreu com dois tiros na cabeça e um no peito, na cozinha.

A policial já havia recebido ameaçadas e chegou a registrar um boletim de ocorrência na Seccional do Paar, em Ananindeua. A primeira queixa foi feita há um ano, depois que sua casa foi invadida. Ela não estava no local na ocasião.

Maria de Fátima Santos, cabo da Polícia Militar do Pará, foi executada com três tiros. Ela estava no Programa de Proteção a Testemunha.

Por causa das ameaças, a PM fazia parte, desde o dia 2 de abril, de um programa da própria polícia que oferece medidas protetivas aos militares vítimas de intimidação. Ela passou a fazer o trajeto entre sua casa e o batalhão escoltada por viaturas da corporação. A cabo morava com uma senhora de 85 anos. No local do crime, na periferia, a vizinhança mantém a lei do silêncio. Ninguém viu ou ouviu nada.

Do assassinato de Maria até a meio-noite de domingo, ao menos dez pessoas foram mortas na Grande Belém. Na sequência, das 10 horas desta segunda até até o início da noite, o Instituto Médico Legal (IML) atendeu a mais dez chamados de vítimas de homicídio, resultando nas 20 mortes.

Os casos foram registrados nos bairros do Guamá, Curuçambá, Cidade Nova 4, Mangueirão, Sacramenta, Outeiro e Tapanã. Nesta última localidade houve uma chacina com três mortes. Todos os crimes tiveram, segundo a polícia, características de execução e os criminosos chegaram de motos ou em carros. No bairro Terra Firme, um grupo abriu fogo em uma casa, matando uma mulher e um adolescente de 13 anos. Outras três pessoas ficaram feridas.

Com a morte da cabo Maria de Fátima, subiu para 21 o número de PMs mortos apenas nos quatro primeiros meses deste ano no Pará. Também morreram um policial civil e dois guardas municipais. Em todo o ano passado, 35 policiais foram executados. Além dos PMs assassinatos, outros 19 agentes foram baleados neste ano.

A Associação dos Cabos e Praças da Polícia Militar do Pará lamentou a morte da cabo e apontou falhas na segurança pública.

“É fato que o crime tem se organizado, e os bandidos estão a cada dia se especializando, para acabar com a polícia”, disse o diretor de relações públicas da associação, Francisco Xavier. “Nós estamos avisando à cúpula da segurança pública e não dão ouvidos. Precisamos reconhecer que temos, sim, de aceitar a ajuda da força nacional no Pará.”

O comando da Polícia Militar divulgou à imprensa uma nota de pesar “lamentando profundamente a morte da policial”. A Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) afirmou que as mortes dos policiais estão relacionadas a uma reação do crime organizado contra as ações do Estado.

A cúpula da segurança pública do Pará, entre eles o secretário Luiz Fernandes, se reuniu com o governador Simão Jatene (PSDB) para traçar medidas para o enfrentamento da criminalidade. “Nós consideramos que toda morte de policial, além de um crime contra a vida humana, é uma agressão direta ao Estado, e não vamos medir esforços nesse combate, tampouco nas prisões dos responsáveis e nas medidas de proteção aos nossos policiais”, afirmou o secretário. “Não vamos tolerar essa afronta aos nossos policiais ao Estado e à tranquilidade e paz da população”, completou.

 

(Com Agência Estado)

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