29 MORTOS, É A ESTIMATIVA DE VÍTIMAS DO DESABAMENTO EM SÃO PAULO. OUTROS 70 EDÍFICIOS ESTÃO EM RISCO

Morador que era resgatado quando prédio caiu chegou a sair do local, mas voltou para tentar salvar mulheres e crianças.

O Corpo de Bombeiros reduziu de 44 para 29 o número de possíveis vítimas que estariam soterradas sob os escombros do prédio que desabou na madrugada de terca-feira, 1, no Largo do Paiçandu, no centro de São Paulo. Oficialmente, a equipe só tem certeza de uma vítima, um homem que estava sendo resgatado do incêndio na hora da queda do edifício.

Relatos de moradores indicam que o fogo teve início no 5.º andar, por volta de 1h30, quando se ouviu um estrondo e o prédio teria sofrido um abalo. O alerta foi rápido e os ocupantes disseram ter conseguido escapar pelas escadas sem maiores riscos.

A estimativa de desaparecidos foi atualizada depois que o serviço de assistência social da Prefeitura conseguiu localizar mais sem-teto que estavam cadastrados como moradores do prédio ocupado no centro. Os dados da administração.

“Nós tivemos um número de 44 desaparecidos. Há algum tempo recebemos informações das assistentes sociais de que o número poderia ter sido reduzido para 29 pessoas que ainda não foram localizadas. Então são 29 pessoas que teoricamente estavam cadastradas ou pertenciam a essa edificação mas que eles não conseguiram localizar”, afirmou o major Max Alexandre Schroeder.

Além do homem que estava sendo resgatado no momento do desabamento, identificado como Ricardo, moradores da ocupação disseram que uma mulher chamado Selma não teria conseguido sair do prédio com seus dois filhos gêmeos de oito anos de idade. “Todo mundo conhecia a Selma, lutadora como a gente. Ela morava no oitavo andar e não conseguiu sair”, contou o desempregado Cosme Aleixo da Silva, de 54 anos.

Segundo os Bombeiros, 75 homens e mulheres da equipe de resgate trabalham na madrugada desta quarta-feira, 2, para tentar salvar alguém com vida dos escombros. O major Schroeder afirmou que os agentes estão usando equipamentos menores como britadeiras para retirar as estruturas e só depois de 48 horas da tragédia, quando a chance de encontrar alguém com vida é quase nula, que eles usaram máquinas pesadas como retroescavadeiras.

Após incêndio, prefeitura vai investigar outros 70 prédiosO incidente levou a Prefeitura de São Paulo a anunciar vistorias em 70 prédios ocupados na capital para avaliar eventuais riscos estruturais e de incêndio.

A Prefeitura ofereceu auxilio aluguel às vítimas — o valor é de R$ 1,2 mil no primeiro mês e de R$ 400 nos próximos 11 meses.

Histórico – O Edifício Wilton Paes de Almeida foi construído em 1961 e tombado em 1992. Abrigou a Polícia Federal em São Paulo e um posto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), até ser repassado pela Caixa Econômica Federal à União.  conflito sobre pagamento de taxas, no entanto, levou o caso à Justiça. Ou seja, ele é da União, mas está em nome da Caixa. Em julho de 2014, a União conseguiu fazer a reintegração de posse, mas o imóvel foi novamente invadido cerca de dois meses depois, quando já havia sido cedido à Prefeitura de São Paulo.

Em 2014, o Município chegou a desistir de um convênio formal, que acabou sendo retomado no ano passado. Neste momento, o prédio se encontrava em negociação para ser transferido oficialmente à Prefeitura. Seria reformado e transformado em repartições públicas, recebendo órgãos que hoje funcionam em imóveis alugados.

A gestão municipal afirmou ter feito, apenas em 2018, seis reuniões para negociar a desocupação da área de forma pacífica. Havia 17 anos que o edifício não era usado oficialmente.

 

(Com Agência Estado)

 

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