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Por Caio Gottlieb

Ofuscada pelas manchetes sobre a pandemia, passou meio despercebida a notícia de que, por ordem do ministro Ricardo Lewandowski, o juiz Gabriel Zago Capanema de Paiva mandou a Polícia Federal liberar para a defesa de Lula mensagens roubadas pelos hackers que invadiram os celulares de integrantes da Lava Jato em 2019.

Com esse material, apreendido nas investigações que culminaram com a prisão dos invasores que praticaram o crime, os advogados pretendem demonstrar que, nas funções de presidente, o petista não teria beneficiado a empreiteira Odebrecht e que o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa teriam agido com parcialidade e motivados por interesses políticos ao condenar Lula por corrupção e lavagem de dinheiro.

Reza a Constituição Federal em relação aos feitos judiciais que “são inadmissíveis as provas obtidas de forma ilícita”, situação em que se enquadram as mensagens surrupiadas.

Mas, e daí?

Daí que isso não tem a menor importância para alguns membros do Supremo Tribunal Federal, como Lewandowski e Gilmar Mendes, que se colocam acima dos ditames da Carta Magna, interpretando-a convenientemente a seu bel-prazer.

O roteiro dessa história foi bem tramado e encontra-se em plena execução.

Nos próximos capítulos, que virão em breve, o STF, ainda que por maioria apertada, vai decidir pela suspeição de Moro, anular o julgamento de Lula no caso do triplex do Guarujá e determinar a volta do processo à estaca zero.

Posando de injustiçado, vítima do preconceito e da perseguição das elites, o homem mais honesto do mundo estará, então, com o discurso pronto para concorrer à presidência em 2022.

Tudo conforme o combinado.

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