Uma equipe de pesquisadores anunciou na quarta-feira (24) a descoberta de um imenso depósito de lítio localizado a 16,9 anos-luz de nosso planeta e abrigado no objeto cósmico Reid 1B, a mais antiga e fria anã marrom, onde foi possível verificar a presença desse valioso mineral.
De acordo com o Instituto de Astrofísica das Canárias, que em conjunto com o Instituto Nacional de Astrofísica, Óptica e Eletrônica da Espanha realizou o estudo, anãs marrons ou “estrelas fracassadas” são o elo natural entre estrelas e planetas. Elas são mais massivas do que Júpiter, mas não o suficiente para queimar hidrogênio, que é o combustível que as estrelas usam para brilhar.
Investigadores del @IAC_Astrofisica y el @inaoe_mx han descubierto una antigua #enanamarrón que conserva intactos sus depósitos de #litio. En el estudio han utilizado #OSIRIS del @GTCtelescope en el #ORMLaPalma
🖼️ SMM (IAC) pic.twitter.com/zllNaJLEvj
— IAC Astrofísica (@IAC_Astrofisica) November 24, 2021
[Pesquisadores do IAC e do INAOE descobriram uma antiga anã marrom que conserva intactos seus depósitos de lítio. No estudo, eles usaram OSIRIS do telescópio GTC no ORM de LaPalma]
“Elas são particularmente interessantes, porque era previsto que alguns desses objetos poderiam preservar intacto o conteúdo de lítio, o chamado ‘petróleo branco’ por sua raridade e relevância para múltiplas aplicações”, explicaram os pesquisadores, que publicaram suas descobertas em detalhes na revista “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”.
Com a ajuda do instrumento Osiris (sigla em inglês para sistema óptico para imagens e espectroscopia integrada de resolução baixa e intermediária), instalado no Gran Telescopio Canarias (atualmente o maior telescópio óptico e infravermelho do mundo), a equipe de astrônomos realizou observações espectroscópicas de alta sensibilidade de dois sistemas binários, cujos componentes são quatro anãs marrons, entre fevereiro e agosto deste ano.
De acordo com os pesquisadores, em três das estrelas não havia lítio, mas na outra, a mais fraca e fria dentre elas, a quantidade de lítio foi identificada como sendo 13.000 vezes maior do que a que existe na Terra.
A estrela, chamada de Reid 1B, significa para os astrônomos “um baú de tesouro escondido”.
O coautor do estudo, Carlos del Burgo Díaz, explica que, “embora o lítio primordial tenha sido criado há 13,8 bilhões de anos junto com o hidrogênio e o hélio, como resultado de reações nucleares após o Big Bang, hoje se encontra até quatro vezes mais lítio no Universo”.
Segundo o autor principal do estudo, Eduardo Lorenzo Martín Guerrero de Escalante, existem bilhões de anãs marrons na Via Láctea, e o lítio que abrigam “constitui o maior depósito conhecido deste valioso elemento em nossa vizinhança cósmica”.