Economia: IBOVESPA OPERA EM ALTA COM PETRÓLEO E DADOS DO VAREJO; DÓLAR RONDA ESTABILIDADE

Índice da B3 sobe 0,98%, aos 106.562,74 pontos. Já a moeda norte-americana tem leve queda, de 0,01%, cotado a R$ 5,52.

O mercado doméstico subia nesta sexta-feira (14), após trabalhar com instabilidade na véspera. Os investidores digerem os dados positivos para o varejo no Brasil em novembro, enquanto o preço do petróleo puxa o índice para cima.

Por volta das 15h56, horário de Brasília, o Ibovespa ganhava 0,98%, aos 106.562,74 pontos. Já o dólar spot tinha uma leve queda de 0,01%, cotado a R$ 5,526.

Nesta tarde, o destaque é o preço do petróleo. Os papéis da Petrobras davam fôlego para o índice hoje. A companhia subia devido à aceleração dos preços do petróleo. Por volta das 15h50, o petróleo brent subia 1,89%, a US$ 86,06, enquanto o WTI subia 2,24%, a US$ 83,96.

Na véspera, a commodity recuou com os investidores realizando lucros após dois dias de ganhos em meio à temores de aumentos agressivos nas taxas de juros dos Estados Unidos, os preços retomaram os patamares do início da semana.

Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, explica que essa alta nos preços é porque a Ômicron não se mostrou tão impactante quando acreditavam. “Dessa forma, a produção industrial está sendo retomada, o que aumenta a demanda por combustíveis fósseis”, afirma. Ele acredita que os preços podem romper os US$ 90 nas próximas semanas.

E quem também trabalhava para o Ibovespa encerrar o dia no positivo são os bancos. O Banco do Brasil subia mais de 2,60%, enquanto o Bradesco avançava perto do 1,20% e o Santander crescia 0,50%.

O Goldman Sachs elevou as recomendações de Santander Brasil e Itaúsa a neutra e compra, respectivamente, e tem o Banco do Brasil e o Bradesco como seus preferidos no setor. Além disso, UBS projetou em relatório a divulgação de números operacionais positivos pelos grandes bancos do país para o quarto trimestre.

Varejo no Brasil

Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos, afirma que a bolsa brasileira opera na contramão de seus pares (China, Estados Unidos e Europa), principalmente pelos dados de varejo que surpreenderam as expectativas, “dando muito ânimo para o mercado doméstico”.

As vendas de supermercados ajudaram o varejo no Brasil a registrar crescimento inesperado em novembro, mesmo com um impacto mais fraco da Black Friday em 2021.

Há dois meses, as vendas varejistas apresentaram ganhos de 0,6% na comparação com outubro, mesmo em um cenário difícil para o comércio, com inflação elevada e desemprego ainda alto.

O dado, divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), surpreendeu a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,2%.

Na comparação com o mesmo mês de 2020, as vendas varejistas tiveram recuo de 4,2% em novembro, contra expectativa de uma queda de 6,5%.

Radar político

Também no radar do noticiário nacional está a reunião entre os servidores da Receita Federal e o ministro da Economia, Paulo Guedes, que aconteceu ontem, mas terminou sem acordo.

Auditores saíram do encontro dizendo que vão endurecer a mobilização. O Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou que se o governo garantir aumento aos policiais, outras categorias podem pedir reajuste na justiça. Economistas dizem que o governo pode usar essa questão do STF como porta de saída pra voltar atrás, e não dar reajuste.

A notícia de que o governo deu mais poder à Casa Civil e ao Centrão sobre o orçamento também gera incerteza. No entanto, não chega a pesar sobre a bolsa, pois o mercado enxerga que o Centrão já vinha dando as cartas no governo e já “precificava” que a pressão por gastos públicos seria grande neste ano.

O estrategista da Genial Investimentos Filipe Villegas comenta que muita pressão por maiores gastos públicos com o reajuste salarial pode puxar o Ibovespa para baixo. “O governo tem um desafio muito grande para fazer a conta fechar e agradar à necessidade dos brasileiros”.

Para ele, quanto maior a pressão por gastos, maior o sentimento negativo do mercado em relação ao compromisso fiscal, o que tende a deteriorar o índice da bolsa.

Em relação ao exterior, o principal fator de influência no comportamento do dólar ainda é a expectativa em torno da alta de juros nos Estados Unidos. As perdas recentes da moeda norte-americana refletiam a percepção de investidores de que a maior parte da guinada mais dura na conduta da política monetária do banco central dos Estados Unidos – que geralmente é fator de apoio para o dólar- já foi precificada.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou na terça-feira (11) que a economia norte-americana está pronta para uma política monetária mais apertada, mas que pode levar vários meses até que as autoridades tomem uma decisão sobre a redução do balanço de cerca de US$ 9 trilhões.

As falas de Powell aliviaram os temores de investidores e ajudaram na recuperação ante as perdas após a divulgação da ata da última reunião da autarquia, junto com um dado de inflação em linha com o esperado. Ainda assim, o mercado já espera uma alta de juros em março.

As altas nos juros aumentam ainda mais a atratividade dos títulos do Tesouro norte-americano, naturalmente bem-vistos pelos investidores devido a sua segurança. A perspectiva de elevação leva à saída de capital de outros mercados, como o Brasil.

Villegas, estrategista da Genial Investimentos, diz ainda que as ações de tecnologia nos Estados Unidos e os múltiplos elevados podem impactar tanto o mercado norte-americano, como o brasileiro. “A dificuldade de como vai se dar os próximos passos da maior economia do mundo, com a retirada de liquidez e a subida dos juros também rondam a mente dos investidores”, declara.

Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 17 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de março de 2022.

Outros pontos de atenção

Existem mais dois fatores que podem afetar o mercado internacional e, consequentemente, refletir no cenário doméstico: temporada de balanços nos EUA e vendas no varejo que vieram em linha com o esperado.

Começa nesta sexta-feira a divulgação de resultados das companhias internacionais. O setor bancário é o primeiro a anunciar seus números. Os investidores aguardam as informações que darão um norte se as empresas foram impactadas no quarto trimestre. Com a inflação mais alta, tradicionalmente as marcas de lucratividade tendem a cair, o que recua os principais índices de Wall Street.

As vendas no varejo dos Estados Unidos caíram em dezembro, com os norte-americanos lutando em meio à escassez de bens e uma explosão de infecções por Covid-19, mas isso não deve mudar as expectativas de que o crescimento econômico acelerou no quarto trimestre.

Os dados recuaram 1,9% no mês passado, após alta de 0,2% em novembro, informou o Departamento do Comércio nesta sexta-feira.

Economistas consultados pela Reuters esperavam que as vendas no varejo ficassem estáveis. As estimativas variaram de queda de 2,0% a alta de 0,8%.

 

(Da Redação com CNN Brasil)

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