Com o fim da COP28 (Conferência das Partes), realizada em Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro, o mundo está na expectativa das ações necessárias para concretizar compromissos, fomentar os mercados nacionais e internacionais de créditos de carbono e avançar nos marcos de referência e metodologias técnicas que nos permitam acelerar na corrida climática. O tempo está acabando e medidas inovadoras e ações mais ousadas são necessárias para avançar.
Hoje, a América Latina contribui com aproximadamente 10% do total de Gases de Efeito Estufa (GEE) gerados no mundo, a maior parte destas emissões é resultante da produção de energia, da agricultura e por meio das mudanças do uso da terra. Todos os países da região assinaram o Acordo de Paris, o mais importante documento de compromissos sobre mudanças climáticas desde o Protocolo de Kioto, sendo que muitos desses países também são signatários de iniciativas específicas, como o Global Methane Pledge, que estabelece metas para emissões de metano, um dos gases de efeito estufa, por exemplo.
A América Latina tem um papel fundamental neste contexto. Com exuberantes florestas que têm acumulado carbono por milhares de anos e, ao mesmo tempo, um parque industrial cada vez maior e mais moderno, a região tem em suas mãos uma grande oportunidade para ajudar a reduzir e a mitigar os gases do efeito estufa.
É justamente neste ponto que países como o Brasil podem brilhar. Hoje, a competitividade das nações e do setor privado passa por sua estratégia de atuação no contexto das mudanças climáticas. Os compromissos assumidos pelos países, assim como as exigências de mercados que buscam empresas responsáveis e com estratégias ESG robustas e reais, colocam a região numa posição de destaque. Ao contrário do que muitos pensam, a América Latina oferece ao mundo muito mais do que florestas.
A região tem avançado na descarbonização de setores chave e na comercialização de créditos de carbono de qualidade com base tecnológica, estabelecendo mecanismos de gestão de emissões com diferenciais importantes. Além disso, com a reconhecida criatividade que caracteriza a América Latina, a apresentação de soluções inovadoras é latente e são inúmeras as possibilidades para criar novas fontes de receita, novas formas de gerar impactos socioambientais positivos e de contribuir com a corrida climática.
Para aproveitar o momento e atingir as metas estabelecidas, as nações latino-americanas devem atuar rapidamente fomentando setores chave das suas economias. Um deles é, sem dúvidas, o setor de resíduos.
A América Latina ainda reúne desafios consideráveis no que se refere à gestão de resíduos. De acordo com a ONU Meio Ambiente, mais de 40 milhões de pessoas não contam, sequer, com coleta de resíduos nas suas residências e, aproximadamente 150 mil toneladas por dia de resíduos são destinadas a lixões que não contam com nenhum tipo de cuidado com as emissões de gases de efeito estufa, além de contaminarem solo e água subterrânea e superficial e serem sinônimo de problemas relevantes preocupações sociais.
O primeiro passo para promover a mudança deste cenário está claro: atuar diretamente no fechamento dos lixões e viabilizar a instalação de ecoparques com tecnologias que permitam valorizar e destinar os resíduos de forma segura, fomentando a economia circular e a geração de energia e combustíveis renováveis.
Ao fechar os lixões no Brasil, maior país da América Latina, por exemplo, poderão ser reduzidos volumes expressivos das emissões do país. Avançar na gestão de resíduos na América Latina usando as melhores práticas, incentivos e inovações relevantes no que se refere a novos atributos ambientais associados ao metano, portanto, não é só fundamental no contexto da saúde pública, mas uma importante medida no contexto das mudanças climáticas.
O caminho está traçado, as metas foram estabelecidas, os atores foram definidos. A América Latina está pronta para ganhar uma posição de destaque no mercado global usando como base o desenvolvimento sustentável aliado à mitigação e adaptação às mudanças climáticas, práticas inovadoras e iniciativas com impactos relevantes e positivos para todos.