Entenda: CÂMARA APROVA PL PARA CRIMINALIZAR NUDES FEITOS POR IA

Divulgação de conteúdo sexual sem consentimento já é crime.

A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (19) um projeto de lei para criminalizar a manipulação, produção e divulgação de conteúdos de nudez ou atos sexuais gerados por inteligência artificial (IA).

O texto será enviado ao Senado e prevê penas diferentes dependendo do tipo de conteúdo e divulgação. Deputados apresentaram críticas.

Montagem com cabeças de bonecos sobrepostos por linhas de chip

Nudes feitos por IA serão crime

A divulgação de imagens íntimas sem consentimento é considerado crime no Brasil desde 2018, podendo gerar pena de seis meses a um ano de reclusão.

O Projeto de Lei 3821/24, de autoria da deputada Amanda Gentil (PP-MA), quer incluir no Código Penal o ato de produção e divulgação de imagens de teor sexual (como nudes) gerados por IA e outros meios tecnológicos.

Segundo a Agência Brasil, as penas variam dependendo do tipo de conteúdo e formas de divulgação:

  • O delito poderá ser punido com prisão de dois a seis anos, além de multa (se não constituir crime mais grave);
  • Se a vítima for mulher, criança, adolescente, pessoa idosa ou com deficiência, a pena aumenta;
  • Se houver disseminação em massa através de redes sociais ou outras plataformas, a pena aumenta de um terço ao dobro.

    PL também vale para campanhas eleitorais

    O projeto de lei também visa incluir no Código Eleitoral medidas para coibir a manipulação e divulgação de imagens por IA em campanhas eleitorais, envolvendo candidatos ou candidatas. Nesse caso, a pena sobe, com reclusão de dois a oito anos.

    A pena também aumenta um terço ou o dobro quando a vítima for mulher, pessoa com deficiência ou idosa. Caso a conduta seja praticada por um candidato, além das penas de reclusão e multa, o PL prevê cassação do registro da candidatura ou diploma.

    Amanda Gentil, autora do projeto para criminalizar imagens sexuais geradas por IA
    Amanda Gentil, autora do projeto, mencionou impacto dos nudes de IA em mulheres na política (Imagem: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

    Proposta visa punir quem usa os ‘nudes de IA’

    Segundo a relatora do projeto, a deputada Yandra Moura (União-SE), a intenção não é censurar a liberdade de expressão, mas sim punir o uso de material para ferir a imagem das pessoas. Ela falou à Agência Câmara de Notícias:

    A inviolabilidade da imagem não se limita aos meios físicos de violação. Não podemos nos esquivar de regulamentar o uso das tecnologias referentes a inteligência artificial e aos limites de seu uso.

    Deputada Yandra Moura (União-SE)

    No entanto, Moura deixou claro que o PL não pretende coibir o uso de IA, apenas punir quem faz mau uso da tecnologia.

    Já segundo Amanda Gentil, autora do projeto, os nudes de IA (chamados de “deepnudes”) afastam mulheres da política e reforçam um cenário de sub-representação nos espaços de poder. Ela acredita que, por enquanto, a legislação atual não é suficiente para punir os criminosos de acordo.

    Há discordâncias: o deputado Mario Frias (PL-SP) afirmou durante o debate no Plenário que o PL abre precedentes para que mais pessoas sejam perseguidas por crimes de opinião. Para ele, qualquer pessoa no ambiente digital corre algum tipo de risco.

    A deputada Bia Kicis (PL-DF) é contra por outro motivo. Ela lembra que qualquer adulteração de imagem já é crime e o projeto causaria desconfiança na atuação da corte eleitoral.

    Mesmo com críticas, os partidos da oposição votaram pela aprovação do texto, que vai para o Senado.

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